06 março 2024

Berlinale 2024 - dia 2






O segundo dia do festival foi uma festa para mim: só filmes bons. Além disso, começou bonito. Um belo dia de inverno. Ao fim da tarde, a Filarmonia iluminada guiou-me o caminho enquanto atravessava o escuríssimo Tiergarten a pé, entre o terceiro e o quarto filme do dia.



4. Keyke mahboobe man - My Favourite Cake, de Maryam Moghaddam & Behtash Sanaeeha

Um filme lindo, comovente e divertido sobre uma viúva iraniana de 70 anos que decide dar-se uma nova oportunidade e ser feliz numa relação. Os seus autores, que também já trouxeram à Berlinale o "Ballad of a white cow" não estavam presentes porque o regime iraniano os impediu de sair do país.


5. Crossing, de Levan Akin

(não encontrei nenhum trailer com legendas em inglês)


O filme começa com esta informação: tanto na língua georgiana como na turca, não há género gramatical. Mesmo nos pronomes, o género é neutro. Eu a pensar: "Esta tem graça. Um país é cristão, o outro muçulmano. Aparentemente, não precisam da gramática para se entenderem quanto ao masculino e ao feminino."

Uma mulher vai da Geórgia a Istambul em busca da sobrinha transsexual. E nós vamos com ela, e fazemos com ela o percurso que leva do preconceito ao acolhimento da realidade do outro.

Um filme imprescindível.



6. Sieger Sein - Winners, de Soleen Yusef



Numa escola de Wedding, um bairro berlinense onde vivem muitas famílias de trabalhadores com baixo nível salarial e/ou imigrantes, um professor muito interessado tenta ajudar à integração de uma aluna nova, de uma família curda que fugiu à guerra da Síria, convidando-a a entrar para o clube de futebol feminino.

A realizadora, Soleen Yusef, ela própria chegada à Alemanha em criança, fugindo à guerra do Iraque, decidiu homenagear com este filme a sua família, as crianças refugiadas e os professores que a ajudaram a integrar-se na sociedade alemã e a encontrar o seu caminho.

Por trás da linguagem moderna das imagens, da personagem principal que atravessa a quarta parede para se dirigir ao público, do ritmo excelente, do humor e até do sinal da luta de classes (Wedding contra Charlottenburg, hehehe), o filme oferece um retrato empático daqueles adolescentes, com todos os seus pesos e as dificuldades pessoais que trazem para o seio da comunidade escolar.

Um filme para toda a família que vale muito a pena ver.



7. A different man, de Aaron Schimberg

Um trabalho inteligente, cheio de reviravoltas, sobre o ser, o parecer e a consciência de si próprio.

Sebastian Stan recebeu o Urso de Ouro para melhor actuação. Mas eu não conseguia tirar os olhos do Adam Pearson.









2 comentários:

Lucy disse...

Obrigada por nos dares uns aperitivos destes filmes que devem ser belos

Helena Araújo disse...

Olá Lucy,
vou tentar escrever sobre todos os filmes que vi. E alguns foram realmente belos. Mas é complicado, porque a vida está cada vez mais acelerada.