Faz hoje um ano que a Rússia invadiu a Ucrânia. A assustadora coluna de 60 km de comprimento começou por nos tirar o sono, para a seguir nos desatar o riso e a esperança ao ver como se atolava, ficava sem combustível e encalhava pelo caminho. Uma reinterpretação de David contra Golias no nosso tempo, e nós a assistir pela televisão. Nós a ver também o sofrimento de um povo em fuga. Milhões de refugiados, e milhões de gestos de solidariedade para os acolher. O choque e a incredulidade após a libertação de Butcha: as imagens da barbárie. O primeiro de várias ondas de choque.
No entanto, ao fim de um ano, corremos o risco da indiferença.
Com tanto de incompetente como de tirano, ao ver que não ganhava facilmente a "operação especial", Putin escolheu bombardear as cidades e destruir as infraestruturas mais fundamentais à vida dos cidadãos. Incompetente e ignorante: se tivesse lido um pouco mais, sabia que a receita já foi aplicada na segunda guerra mundial, e os bombardeamentos não conseguiram desmoralizar as populações. Pelo contrário: quem aceitaria submeter-se a um senhor de carácter tão monstruoso?
24.2.2023: em Berlim, um par de activistas instalou temporariamente um memorial na avenida Unter den Linden, em frente à Embaixada russa em Berlim: um tanque russo, que foi destruído pelos ucranianos perto de Kyiv. Letreiros no tanque anunciam que esse lugar agora se chama praça Zelenski, 1.
Esta tarde, a avenida encheu-se com as cores da bandeira ucraniana: no tanque destruído, na fachada das Embaixadas de França e dos EUA, na Porta de Brandeburgo, nos manifestantes.
Sem margem para dúvidas sobre quem é o criminoso e quem é a vítima.
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