29 janeiro 2023

um comentário sobre a arquitectura dos altares das Jornadas Mundiais da Juventude

 



Partilho um post do Lutz Brückelmann, no facebook: "Isto é um comentário sobre arquitetura.
Talvez deva dizer antes que não sou católico e que não gosto de eventos de massas, mesmo que tenha assistido na minha vida, com prazer, a vários festivais do Rock. Mas um festival de Rock têm pelo menos a ilusão, a possibilidade de alguma anarquia, que a Jornada Mundial da Juventude certamente não contém.
Quando vi o palco do parque do Trancão, fez-me impressão a péssima arquitetura geral, mas em particular um aspeto que sei devido menos aos projetistas (embora isso não os iliba da responsabilidade) do que ao cliente, ao programa. O caráter monumental, a enorme distância física e simbólica entre o lugar do líder supremo, o Papa, e os mortais comuns que lhe vão prestar homenagem. Uma distância que se mede em 2000 pessoas, distribuídas em rampas, ou seja de elevação crescente sobre os inferiores, exprimindo com rigor a hierarquia da instituição. Tudo isso encontra-se com ainda mais pertinência na estrutura prevista para o mesmo efeito no Parque Eduardo VII.
Não é por acaso que o objeto lembra um cenário de um filme monumental, mesmo se apenas de série B, um clone barato de um Ben Hur ou Cleópatra.
Está lá a encenação do poder totalitário das pirâmides Aztecas, ou do Reichsparteitagsgelände de Nuremberga. Felizmente só em pequeno, em rasca, em versão Vegas de dia."


1 comentário:

Lucy disse...

isto é tudo tão terrível...