13 dezembro 2022

quando eu morrer, não me ripem

 

Quando eu morrer - se eu morrer - não me ripem.

Porque se eu, já do outro lado, vir um RIP que me seja dirigido, sou bem capaz de me pôr a dar voltas no caixão. O que é o exacto oposto da intenção de quem me ripou.

Portanto: não me ripem, por favor.

Excepto, talvez, um único RIP, para o caso de alguém se lembrar deste pedido que agora faço, e das consequências que ameaço, e dê consigo a largar então uma gargalhada.

Se eu deixar no mundo algum riso para além da morte, já não se perde tudo.


[ Sosseguem: não me parece que venha a ser atropelada por estes dias, não estou a sofrer de nenhuma "doença prolongada", e até a interminável gripe das semana passada está a chegar ao fim. É só porque hoje vi pessoas inconsoláveis com a morte de uma pessoa muito amada, e vi os RIP que já começam a pipocar por aí, e pensei que ninguém merece. ]



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