07 abril 2022

noite feliz

 

Ontem tivemos cá em casa duas irmãs com mais de oitenta anos (cada uma). Claro que a guerra da Ucrânia lhes tornou imediatamente presente aquilo que elas próprias viveram no fim da segunda guerra mundial.
De modo que ao fim de algumas frases estavam a contar histórias desse tempo.
Uma dessas histórias é - desculpem a escolha da palavra - muito engraçada:

O pai delas foi feito prisioneiro de guerra pelos ingleses, o que foi uma sorte dentro do azar, porque a vida no campo de prisioneiros não era nada fácil mas pelo menos eram tratados como seres humanos. Os soldados alemães que foram levados para a Rússia contaram histórias bem diferentes - os poucos que voltaram, entenda-se.

Estava em Sheffield. Começou a conversar com um chefe do campo, e foram-se entendendo cada vez melhor. De tal maneira que numa Páscoa o chefe levou alguns dos prisioneiros à celebração pascal. O pai das minhas amigas era organista na sua paróquia alemã, e pediram-lhe que acompanhasse os cânticos.

No final, o celebrante veio pedir ao prisioneiro de guerra alemão o enorme favor de tocar "noite feliz". Ele recusou-se, não podia tocar "noite feliz" na Páscoa!
Mas acabou por tocar, para grande alegria dos ingleses presentes.

(Oh pá, a sério! pedirem a um cristão alemão que toque o "noite feliz" na Páscoa já era caso para o tribunal dos direitos humanos... 😉 )


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