29 março 2021

férias em tempo de covid - três tristes histórias

Informa o Spiegel que nos EUA o aluguer de carros está por um preço insuportável. Algo como 300 ou até 500 dólares por dia. 

Deve-se isto à covid: quando os aviões ficaram em terra, as frotas de carros de aluguer ficaram paradas. Como as companhias de aluguer estavam desesperadas para realizar algum dinheiro, venderam boa parte dos carros no mercado de usados. Agora que a população recomeçou a voar e quer ir fazer férias aqui e ali, faltam os carros. E como as empresas de aluguer estão com as reservas financeiras abaixo da subcave, não têm como comprar novos carros para responder à procura. 

Nota mental: da próxima vez que me acontecer de querer alugar um carro e custar os olhos da cara, devo dar uma espreitadela no mercado de carros usados com garantia. Às tantas consigo um negócio mais barato que alugar um carro a 500 euros por dia. E no fim das férias vendo.
O dou a alguém que precise, que é assim que se conquista o céu e ainda se poupa dinheiro. 

(Esta nota mental é absolutamente escusada. Se me acontecesse de ir para um sítio onde o carro custava 500 euros por dia, o mais provável era ficar em casa.)

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Nesta maneira alemã de ir gerindo a crise covid como quem navega à vista da costa, alguém com a necessária autoridade declarou Maiorca como zona sem risco, e não pensou nas consequências dessa declaração. O resultado é que a Alemanha está praticamente a mudar-se em peso para Maiorca (exagerei ligeiramente), os números de infecções na ilha já começaram a aumentar, o ressentimento faz-se sentir em quem decidiu ficar em casa por uma questão de responsabilidade individual (afinal de contas alguém tem de fazer o esforço para manter pandemia em níveis relativamente controláveis).
Há dias uma amiga minha comentava que não pode ir a Colónia visitar a mãe, mas podem-se encontrar em Palma. 

As pessoas lá foram para as suas ricas férias e agora, quando já estão de papo para o ar na praia, o presidente da Câmara de Tübingen lembrou-se que seria boa ideia obrigar toda a gente que regressa de férias a fazer a quarentena obrigatória num desses milhares de hotéis que estão vazios. 

Isto leva para um nível muito superior de inesperado aquela ideia de "pôr roupa interior decente e arrumar a casa antes de sair, porque uma pessoa sabe como sai, mas nunca sabe como regressa".

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Entretanto, os números de pessoas que querem fazer o teste PCR antes de irem de férias explodiu. Como as capacidades não são ilimitadas, os laboratórios começaram a não garantir a entrega do teste em menos de 48 horas. Excepto alguns que custam o dobro, e fazem em 24 horas. Ou até em 3 horas, mas custam o quádruplo. Quer ir com a  família de férias para Maiorca? Null problemo - só tem de pagar em testes o equivalente a um carrinho em segunda mão, ou a alugar um carro para o fim-de-semana na Flórida... 

  

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