04 maio 2020

não esquecer: a luta continua

Notícias de Berlim: uma jovem fisioterapeuta que vivia segundo todos os mandamentos da vida saudável - sem problemas de peso, praticante de desporto, fazendo uma alimentação saudável - sentiu-se mal, agarrou na bicicleta e dirigiu-se ao consultório médico. Morreu no caminho, com um ataque cardíaco fulminante.

Quando me deram a notícia, pensei logo numa entrevista que li há dias: um médico falava de alguns doentes de covid estarem muitíssimo mais debilitados pela doença do que se poderia concluir olhando apenas para os sintomas mais visíveis. A morte desta berlinense pode não ser devida ao vírus - mas bastou essa possibilidade para me assustar imenso, porque torna extremamente concreta a ameaça invisível que nos cerca.

Andamos entretidos a inventar disputas patetas (*) sobre direitos dos cidadãos, e esquecemos o essencial: estamos a travar uma luta de vida ou de morte. Literalmente: de vida ou de morte.

Mesmo que os políticos autorizem, começo a pôr de parte a ideia de ir a Portugal este ano. Não suportaria a ideia de ter contribuído para algum dos meus familiares ou amigos ser infectado pelo vírus. Vendo por essa perspectiva, custa-me menos ficar onde estou do que fazer-me à estrada em deriva egoísta.


(*) Refiro-me à disputa "ai os comunas podem ter 1 de Maio mas os católicos não podem ter 13 de Maio?"
Nos termos em que é colocada, e tendo em conta o inimigo que nos cerca a todos, é uma patetice pegada.


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