Já não me lembro há quanto tempo estou fechada em casa. Mas sei bem desde quando deixei de ter wlan e comecei a andar agarrada aos dados móveis no telemóvel como um náufrago se agarra às garrafas de vidro com papelinhos dentro: 30 de Março, quando viemos para o apartamento novo.
Desde ontem à noite o meu computador deixou de se dar bem com o hotspot do iPhone.
Fiquei com internet apenas no telemóvel. E, pior ainda: não conseguia abrir a minha conta de e-mail no telemóvel - mas a minha filha conseguia abri-la no telemóvel dela. De modo que tive de lhe telefonar para ela me ler as mensagens que recebi entre ontem e hoje.
O covid-19 está a fazer sentir-me como na infância, quando estava na aldeia da minha avó e alguém que passara pela venda gritava da rua para a nossa janela a dar o recado: "vão-te ligar hoje à tarde!"
E eu lá ia para o Café de Cima, e lá esperava pacatamente sentada ao lado do telefone, para ver se ligavam, e quem era, e o que queria.
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