07 abril 2020

e ao não sei quantésimo dia de quarentena, o delírio...

Será que me podem ajudar a pensar melhor nisto?

Começo a acreditar que a crise da covid-19 foi apenas a primeira de muitas. Já sabemos - há várias décadas, mas vamos tentando meter a cabeça na areia - que o que temos andado a fazer ao planeta vai muito provavelmente criar fenómenos novos para os quais não estamos preparados nem temos defesas. Por isso, convinha que das próximas vezes não fôssemos apanhados em falso.

Sendo assim, proponho que um estado de emergência que, para controlar os danos dentro do possível, obrigue praticamente todos a ficar em casa, inclua também:

- Para para empresas e privados que interrompem a sua actividade:
-- suspensão de todos os juros e pagamentos de dívidas;
-- suspensão do pagamento das despesas de arrendamento;
-- suspensão de todos os impostos e contribuições para a segurança social;

- Para pessoas que interrompem a sua actividade:
-- entrega de um rendimento de subsistência fixo para cada pessoa, suficiente para a alimentação e uma percentagem substancial das despesas de energia, água, telecomunicações (ou a 100%, se essas despesas não excederem de forma exorbitante os consumos dos meses anteriores);
-- entrega gratuita de medicamentos contra receita médica;

- Para os Estados:
-- possibilidade de cada Estado se endividar na medida necessária para fazer estes pagamentos apesar do enorme abrandamento dos sectores económicos, e de pagar sem juros quando a respectiva economia o permitir.

É que estava aqui a pensar:

- Se os privados não tiverem rendimentos do trabalho, mas também não tiverem despesas de habitação nem saúde, e se receberem o suficiente para se alimentarem, resolve-se de uma penada as angústias existenciais dos precários, dos trabalhadores por conta própria, dos artistas, etc.

- Se uma pequena (ou grande empresa) for obrigada a parar, mas não tiver de se preocupar com o pagamento de créditos, de salários, de contribuições, de impostos e de arrendamentos - quer dizer: se for obrigada a parar, mas não tiver custos - retira-se uma enorme pressão aos empresários.

- É muito mais simples acompanhar a paragem da economia com uma suspensão geral do pagamento
dos custos, e com a entrega directa de uma rendimento mínimo a cada cidadão, que andar a estabelecer donativos e empréstimos estatais para as empresas caso a caso.

Que me dizem deste delírio?

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Já vejo aqui um primeiro problema que seria preciso resolver: que fazer em relação às empresas que continuarem a trabalhar e às pessoas que continuarem a auferir o normal pagamento pelo seu trabalho, nomeadamente no caso de o abrandamento da economia implicar grandes perdas para essas empresas, apesar de manterem a sua actividade.

Um segundo problema: caso só metade do planeta pare, como impor a suspensão de pagamentos aos países da outra metade do planeta?

2 comentários:

Lucy disse...

avisa-me, quando fores candidata, para estar na linha da frente sempre a gritar o meu apoio

Helena Araújo disse...

Obrigada, Lucy. Não sei se consigo fazer um partido só com nós as duas, mas contigo é já o melhor começo de todos! :)