Faz hoje 75 anos que o regime nazi executou Dietrich Bonhoeffer. Partilho o meu primeiro contributo de hoje para a Enciclopédia Ilustrada:
Daqui a pouco traduzo um resumo sobre a vida de #Bonhoeffer. Para já, conto uns detalhes da vida da mãe dele (a origem do mundo, como é sabido).
1. Um pequeno passeio de montanha russa pela cultura alemã: a mãe de Dietrich Bonhoeffer era neta do pintor Stanislaus Friedrich Ludwig Graf von Kalckreuth, que em 1858 foi viver para uma Weimar ainda vivamente marcada por Goethe. Nesta cidade, o pintor criou uma Escola de Artes e soube atrair alguns dos pintores mais modernos da época. Foi a partir desta escola que o movimento Bauhaus viria a nascer em Weimar em 1919.
O pintor Stanislau von Kalckreuth casou com Anna Cauer, da famosa família de escultores de Bad Kreuznach. Clara, a filha deles, teve aulas de piano com Clara Schumann e Liszt.
Esta Clara foi a avó de Bonhoeffer. Casou com um teólogo de outra família famosa, os Hase. O sogro era um professor de História da Igreja que Goethe trouxe para a universidade de Jena, e que em meados do século XIX tentava conciliar a tradição eclesial cristã com a Educação moderna. A sogra era filha de um dos mais importantes editores de Beethoven, com quem manteve uma forte troca de correspondência. Um dos cunhados de Clara era Victor Hase, a quem a Alemanha deve a conhecidíssima expressão Mein Name ist Hase, ich weiß von nichts“ (o meu nome é Hase, não sei de nada).
Devido a um conflito com o Kaiser, Clara e o marido mudaram-se para Breslau em 1894, onde criaram na sua própria casa um importante salão cultural. Tiveram seis filhos, três rapazes e três raparigas, e uma destas, Paula, professora de profissão, viria a casar com o psiquiatra e neurólogo Karl Bonhoeffer, com quem teve oito filhos.
Dietrich Bonhoeffer foi um deles.
2. Paula Bonhoeffer, que era professora, endendia que a escola da sua época deformava as crianças e atrasava o seu desenvolvimento, e por isso decidiu manter os seus filhos afastados dessa instituição, cuidando ela própria da respectiva instrução. O resultado foi uma espécie de geração ínclita: pessoas de inteligência brilhante, grande cultura, e sólidos valores.
Valores esses que custaram a vida a alguns deles, quando o regime nazi se deu conta do seu envolvimento na Resistência.
1 comentário:
Impressionante!
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