Faz hoje 3 anos que escrevi este apontamento:
Hoje esteve um dia lindo. Nuvens enormes entrecortadas de sol e céu
azul. Aquela luz maravilhosa que antecede o temporal. Andei por aí, de
lago em lago, a fotografar em estado de exaltação e a perguntar-me que
bem terei eu feito na vida para merecer isto tudo. Foram 330
fotografias, depois mostro algumas.
Ao regressar a casa a vizinha
viu-me e convidou-me para um café, e levei bolo de chocolate que tinha
em casa. Daí a bocadinho vimos passar o Fox com a sua cauda farfalhuda espetada
no ar - tão querido, o Fox. O Matthias apareceu a seguir, ia levá-lo ao
lago. A vizinha abriu a porta e perguntou ao Matthias se também queria
um café, e ele respondeu da rua que não podia, obrigado, etc. - parecia
aquelas conversas calorosas de aldeia, da rua para dentro de casa.
Foram, voltaram, o Fox parou em frente ao portão a olhar para nós ainda
de volta do café e do bolo, "então, não me querem deixar entrar?"
Combinei com a vizinha que um dia destes marcamos uma data para todas as
pessoas da rua porem à porta os rebentos do jardim que não quiserem,
para os vizinhos levarem para o jardim deles.
Disse-lhe que já
estou toda contente a pensar nas batatas azuis que vou ter, nas
framboesas, nos tomates, nas abóboras. Ela disse:
- Ainda demora algum tempo.
- Mas já estou contente agora.
Vivo no centro de Berlim ocidental, rodeada de lagos, numa aldeia. Numa bolha.
Cuidado comigo, hoje estou hipersensível.
Garanto que nunca na vida fiz tanto bem para merecer isto tudo.
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Foi na altura em que a água dos lagos gelava e degelava, criando texturas incríveis. Alguns exemplos da colheita desse dia:
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Todas boas outra vez, destaco as pinceladas vermelhas sobre o plano em tons de cinzento prateado, iluminado por luz rasante.
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