A sessão de abertura da 70ª Berlinale foi ensombrada pelo ataque terrorista que acontecera em Hanau um dia antes. Depois de um alemão, movido por um profundo ódio racista, ter entrado em dois bares de shisha disposto a massacrar estrangeiros, acabando por matar ali nove pessoas e ferir seis, ficava difícil passar alegremente à ordem do dia. Os discursos foram muito mais sobre política e democracia que sobre cultura. Todos os políticos fizeram uma ligação entre este ataque terrorista e o discurso de ódio que a AfD instalou na sociedade alemã. "O país que a AfD deseja é um país onde nenhum de nós quer viver", afirmou o Ministro-Presidente de Berlim. O que é uma variação, pelo lado da derrota, da posição de Walter Lübcke - o político que recentemente pagou com a vida as palavras "dá gosto viver num país que se esforça por divulgar estes valores; e quem não os defender, sinta-se livre para sair do país".
Portanto: uma cerimónia de abertura ainda sob o choque do atentado, sem a alegre familiaridade das cerimónias de outros anos. Para piorar, passaram uns filmes de apresentação das várias secções do festival que eram, no máximo, de qualidade mediana.
Para já, o balanço da nova direcção não me parece famoso.
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