Post que publiquei no dia em que a palavra mágica da Enciclopédia Ilustrada (o melhor grupo que conheço no facebook) foi "usado":
Já muito se falou de roupa #usada por aqui, e eu bem podia ficar caladinha em vez de vir fazer confissões que me envergonham, mas não sei que me parece ficar muda perante uma palavra tão jeitosa para contar histórias.
Na Alemanha, é normal as mães venderem a roupa usada dos seus filhos.
Especialmente no sul da Alemanha, onde vivi quando os meus eram
pequeninos, era um grande negócio: as crianças andavam sempre vestidas
como se fossem para um casamento (vá, um casamento de alemães...) mas a
roupa só era cara na primeira e na segunda vez - depois, ficava a preços
muito acessíveis.
Entrei nesse negócio pela mão de uma amiga que comprava novo por metade do preço porque trabalhava numa loja de roupa de criança. Quando deixava de servir à filha dela, vendia-me a mim. E depois eu vendia na minha cidade, que tinha todos os defeitos das cidades ricas de província, e as mães vinham parar à minha mesa como moscas ao mel. Aliás: nessa cidade, ali para os anos 90, os parques infantis mostravam um espectáculo muito curioso: as crianças vestidas com todo o aprumo, e as mães extremamente descuidadas, tipo leggings e t-shirt XXL. Nunca percebi aquela fixação e aquele brio extremo na aparência dos miúdos a par do desleixo total na sua própria imagem.
E então as confissões que te envergonham?, perguntarão.
Ai...
O primeiro problema é que é um bocado parvo olhar para a roupa dos filhos como capital. Se eles faziam um buraco nas calças Joop, ou Armani, ou assim, eu ficava sem poder realizar os, sei lá, 15 euros que idealizara ao comprá-las, usadas, por 20.
O outro problema foi quando mudei para Weimar e comecei a organizar na escola dos miúdos uns bazares para vender a roupa de criança usada. Cada mesa custava 5 euros e um bolo. A associação de pais vendia os bolos com café ou sumos, o dinheiro ia para a escola, e as mães ganhavam algum para comprar a roupa do tamanho seguinte. Parece bem, mas esqueci-me que estava na antiga "Alemanha comunista". Lá, a roupa de criança não era importante, e quando deixava de servir era dada a outra família qualquer. Rebentei com o sistema solidário que eles tinham. E protestava com as mães que faziam os preços dos bolos, porque os vendiam a preços irrisórios. Eu insistia para que vendessem a um preço mais alto, porque aqueles preços não pagavam nem os ingredientes, e elas respondiam: "mas a nós não custou nada!"
Pois é, estive na linha da frente da luta entre o capitalismo e o socialismo, e estava do lado do... gulp, deixem lá, esqueçam. Tem estado muito frio aqui. No fim-de-semana nevou, e agora as ruas estão cobertas com uns 10 cm de neve. Por enquanto ainda está fofa. Só é pena não ter havido sol.
E aí, como tem estado o tempo?
Entrei nesse negócio pela mão de uma amiga que comprava novo por metade do preço porque trabalhava numa loja de roupa de criança. Quando deixava de servir à filha dela, vendia-me a mim. E depois eu vendia na minha cidade, que tinha todos os defeitos das cidades ricas de província, e as mães vinham parar à minha mesa como moscas ao mel. Aliás: nessa cidade, ali para os anos 90, os parques infantis mostravam um espectáculo muito curioso: as crianças vestidas com todo o aprumo, e as mães extremamente descuidadas, tipo leggings e t-shirt XXL. Nunca percebi aquela fixação e aquele brio extremo na aparência dos miúdos a par do desleixo total na sua própria imagem.
E então as confissões que te envergonham?, perguntarão.
Ai...
O primeiro problema é que é um bocado parvo olhar para a roupa dos filhos como capital. Se eles faziam um buraco nas calças Joop, ou Armani, ou assim, eu ficava sem poder realizar os, sei lá, 15 euros que idealizara ao comprá-las, usadas, por 20.
O outro problema foi quando mudei para Weimar e comecei a organizar na escola dos miúdos uns bazares para vender a roupa de criança usada. Cada mesa custava 5 euros e um bolo. A associação de pais vendia os bolos com café ou sumos, o dinheiro ia para a escola, e as mães ganhavam algum para comprar a roupa do tamanho seguinte. Parece bem, mas esqueci-me que estava na antiga "Alemanha comunista". Lá, a roupa de criança não era importante, e quando deixava de servir era dada a outra família qualquer. Rebentei com o sistema solidário que eles tinham. E protestava com as mães que faziam os preços dos bolos, porque os vendiam a preços irrisórios. Eu insistia para que vendessem a um preço mais alto, porque aqueles preços não pagavam nem os ingredientes, e elas respondiam: "mas a nós não custou nada!"
Pois é, estive na linha da frente da luta entre o capitalismo e o socialismo, e estava do lado do... gulp, deixem lá, esqueçam. Tem estado muito frio aqui. No fim-de-semana nevou, e agora as ruas estão cobertas com uns 10 cm de neve. Por enquanto ainda está fofa. Só é pena não ter havido sol.
E aí, como tem estado o tempo?
1 comentário:
O tempo? Em Lisboa está um sol glorioso como habitualmente.
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