Uma vez convidaram-nos para um jantar cozinhado por um tipo que tinha aparecido num programa de televisão a ir ao pólo norte buscar gelo de um glaciar para o seu whisky. Deitava um cubo no copo, punha-se a ouvir os estalidos e dizia "vejam só, o ecoar dos milénios". Não fomos ao jantar porque o comportamento predador do homem nos incomodou imenso. E isto mesmo bem antes de nos meterem pelos olhos adentro as consequências que os nossos hábitos têm na destruição do planeta.
Hoje os meus
vizinhos contaram que vão voar para Miami para fazer um cruzeiro a
partir de lá. Vão atravessar meio mundo para depois fazer o programa de
férias mais poluente que conheço.
E eu: digo-lhes o quê? Fico calada?
Mais complexo ainda: bem posso queixar-me do pessoal que acha que todo o luxo é legítimo desde que o possa pagar, e da fúria que isso me dá, mas depois ocorre-me que tudo isto é relativo. Também eu me dou ao luxo de comprar e fazer coisas que provocam fúrias a outros.
Como fazer, para não acabarmos todos à pancada?
E eu: digo-lhes o quê? Fico calada?
Mais complexo ainda: bem posso queixar-me do pessoal que acha que todo o luxo é legítimo desde que o possa pagar, e da fúria que isso me dá, mas depois ocorre-me que tudo isto é relativo. Também eu me dou ao luxo de comprar e fazer coisas que provocam fúrias a outros.
Como fazer, para não acabarmos todos à pancada?
2 comentários:
Vivre et laisser vivre...
Sim, mas que fazer quando o modo de vida dos outros constitui uma ameaça à minha/nossa sobrevivência?
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