Ooops! Descobri um post que estava para ser publicado há várias semanas, na altura em que na Enciclopédia Ilustrada se falou do Parlamento Europeu.
A publicação vai com atraso, o tema continua actual.
Já aqui se falou da autêntica torre de Babel que é o #Parlamento_Europeu.
Quando morava perto de Estrasburgo conheci alguns dos intérpretes que
faziam a tradução simultânea nos plenários. É um trabalho de
enlouquecer!
Mas também deve ser de enlouquecer tentar entender e
acompanhar a tradução que se ouve: frases aos tropeções, ideias
imprecisas, alternância entre silêncios e frases muitas vezes
inacabadas.
Um dos maiores problemas para os intérpretes: os
deputados falam com o ritmo, o sotaque e o estilo que lhes apetece.
Imaginem estrangeiros a ter de traduzir um português que diz frases tipo
"bai no Batalha", ou faz trocadilhos, ou usa termos técnicos muito
específicos...
Pior ainda: como é impossível arranjar pessoal em
número suficiente para todos os pares de línguas menos conhecidas,
muitos traduzem a partir da tradução para inglês. Tradução simultânea de
tradução simultânea: mais valia ficarem todos em casa...
Há tempos,
por causa de um post em que a Marisa Matias criticava duramente um
discurso da Merkel no Parlamento (que foi amplamente elogiada na
Alemanha, por ter feito um discurso muito mais europeísta que alemão),
fui verificar o original e a tradução simultânea. Estavam nos antípodas
um do outro.
De modo que pergunto: sendo certo que é praticamente
impossível fazer uma boa (sublinho: boa) tradução simultânea do que os
deputados dizem no Parlamento, de todas as línguas para todas as
línguas, qual é o valor real do debate que é lá feito? Não seria mais
razoável passar a fazer os debates em inglês? E depois transcrevê-los e
traduzi-los decentemente, para as pessoas de cada país poderem saber o
que foi discutido no Parlamento?
É que o modelo actual faz com que estes debates pareçam (pelo menos a mim) uma troca de ideias entre semigagos e semisurdos.
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