09 fevereiro 2019

Berlinale 2018 - o último post carro vassoura (com bonecos)

 
 
Algumas histórias da Berlinale de 2018, agora com bonecos:

1.
Nem sei se lhe chame sovinice ou sentido prático, mas as decorações de Natal ficam lindamente na Berlinale. Durante quase três meses, a "little Manhattan" permanece emoldurada pela floresta de árvores  fantasma da Leipziger Platz.
 
2.
Um dos meus lugares favoritos da Berlinale, para além dos cinemas propriamente ditos, claro claro, é a lounge da Audi em frente ao Berlinale Palast. Agora é que me vou desgraçar, porque quando isto for do conhecimento de todos deixa de haver lugar para mim, mas pronto: no piso térreo tem um bar onde oferecem o Nespresso. Isso mesmo: oferecem. E no andar de cima tem uma sala com uma vista fantástica para o tapete vermelho, com comida muito boa (infelizmente essa não é oferecida), e volta e meia com concertos ou debates. Passam-se lá boas horinhas enquanto se espera o filme seguinte.
Foi lá que vi este par engraçado: ela a passar um frio dos diabos para ter uma foto daquelas de encher o olho à frente daquele cenário, ele a tirar pacientemente todas as fotos que ela quis, e depois ambos a apreciar o resultado. O amor é lindo.

Foi também em frente ao balcão Nespresso da lounge Audi que passei uma vergonha. Estava ali sossegadinha a bebericar o cappuccino, quando a senhora ao meu lado se virou para mim e atirou:
- Eu conheço-a!
- Hã...
- Vi-a na televisão, há alguns dias!
Ai! Tinha sido entrevistada pouco antes de entrar para o autocarro. Tentei esquivar-me com desculpas parvas, mas os jornalistas foram simpáticos e conseguiram suplantar a parvoíce das minhas desculpas, de modo que estávamos todos a rir quando começaram a fazer perguntas. Queriam saber por qual das portas do autocarro é que eu preferia entrar, e eu disse "pela de trás!" sem hesitação. "E porquê?", perguntaram eles. O meu autocarro já tinha chegado, não tinha tempo para pensar, e: "Porque tenho preguiça de mostrar o meu passe. Tenho-o na carteira, mas não me apetece tirá-lo para mostrar." Daí a nada estava a aparecer na televisão, muito sorridente, a anunciar à Alemanha que sou uma estrangeira preguiçosa.
A senhora no bar do Nespresso sorriu:
- Fiquei tão grata por ter dito aquilo! É que é exactamente o que eu penso. Não dá jeito nenhum tirar o passe para mostrar.

3.
Foi um prazer ver o público do filme Wang Zha de yuxue - Wangdrak's Rain Boots (falei dele aqui). A sala estava cheia de miúdos dos seus 10 ou 12 anos que tinham imensas perguntas a fazer ao rapazinho chinês. No fim, juntaram-se à volta dele a pedir autógrafos. Um enxame simpático.






4.
Na Berlinale 2018 foi anunciado que o seu estimadíssimo director, Dieter Kosslick, ia deixar de estar à frente do festival. Num desses dias parei durante uns momentos a ver a gente que se juntara à espera que ele saísse de uma conferência de imprensa, mostrando cartazes onde se lia "Dieter para (voltar a ser) Presidente". À saída ele foi ter com as pessoas e ficou a conversar com elas um bocadinho.
Isto é Berlim: quando as pessoas sentem que o director do festival de cinema é como se fosse da família.




4.
Numa das últimas manhãs da Berlinale, já dentro do autocarro, reparei que o sol estava a nascer. Saí do autocarro, voltei para trás, esperei pelo sol, e retomei caminho.
Madrugo muito durante os dias do festival, mas vale a pena. Por tudo, e também pelo sol a nascer ao fundo de uma rua.




5.
A Berlinale 2018 foi uma semana de muito frio, e belo céu azul. Entre um filme e outro, pude tirar algumas fotografias engraçadas.



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