Em Berlim, no segundo fim-de-semana de Advento têm lugar dois dos meus mercados de Natal favoritos.
Embora - talvez - não seja boa ideia voltar aos lugares onde se foi feliz com neve, quando o inverno berlinense mal consegue fazer chover quanto mais nevar, hoje estive no mercado do Jagdschloss Grunewald. Pareceu-me ter menos graça - ou então sou eu que estou mal habituada.
Mas não se perdeu tudo: entrei no palacete para rever os quadros do Cranach, e arrepiei-me com a turista que na sala onde estão todas as cenas da Paixão olhou distraidamente para um dos quadros e disse "acho que este é Jesus". Voltei a arrepiar-me com as cenas de caça no rés-do-chão (aquilo é que eram umas belas tradições! nem sei porque é que acabaram com elas...).
E depois fotografei a floresta, o palácio e o lago de Grunewald no meio da escuridão. Berlin by night.
2 comentários:
Cheguei à conclusão que os teus olhos devem ter um radar especial para detetar tanta beleza em todo o lado. Lembra-me um poema do Arnold Bennett:
"To find beauty, which is always hidden; that is the aim. My desire is to depict the deeper beauty while abiding by the envelope of facts. What the artist has to grasp is that there is no such thing as ugliness in the world. All ugliness has an aspect of beauty. The business of the artist is to find that aspect."
Lucy, ia responder à maneira do costume, "ora, ora, a beleza anda por aí a meter-se pelos nossos olhos adentro", mas depois lembrei-me de uma conversa com uma amiga brasileira, que dizia que achava a cidade de S. Paulo feia, e estava cansada dela, e de eu lhe ter respondido algo como "mesmo na cidade mais feia haverá sempre um pombo que levanta voo de uma janela".
Se calhar tenho o radar focado apenas na beleza. :)
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