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Ontem escrevi sobre a dificuldade em encontrar uma designação mais adequada que "noite de cristal" ou "noite dos cristais" para os ataques nazis de 9.11.1938, e fiquei a pensar nos motivos possíveis para os berlinenses (que foram, aparentemente, quem cunhou o termo) escolherem "cristal" em vez de "vidro" - ou "estilhaços", ou "destruição", ou "assalto".
Na manhã do dia 10 de Novembro de 1938 os passeios das cidades estavam cobertos de vidros das montras das lojas e das janelas. Vidros, e não cristais. Há uma diferença clara entre um e outro, e a língua alemã conhece-a bem: ninguém diz "janelas de cristal" ou "montras de cristal".
Porquê, então, usar um material mais nobre para designar o que viam?
Só me ocorre uma hipótese: inveja e ressentimento. O que os berlinenses viram derramado pelos passeios não foi o vidro das montras, mas o luxo dos odiados judeus. Por isso terão chamado "cristal" aos vidros partidos.
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