Na semana passada aconteceu-me uma cena muito desconfortável. Encontrei-me com alguns amigos berlinenses para falar de um livro de um teólogo que cresceu na RDA e que defende a necessidade imperiosa de ouvir os apoiantes da AfD. O autor, Frank Richter, defende que "Democracia significa debate".
Na primeira volta da conversa eu anunciei, muito orgulhosa, que Portugal é um caso raro, porque nem a terrível crise do euro fez surgir um partido nacionalista e a xenófobo, e saboreei com gosto todos aqueles olhares de admiração de repente virados para mim por tabela do meu maravilhoso país.
Mas na segunda volta as pessoas começaram a dizer quais são os argumentos dos apoiantes da AfD, e eu tinha muito para comentar porque leio todos os dias frases dessas no facebook, e tenho imensa experiência do que acontece quando se tenta rebater. De facto, até podia explicar - por experiência própria - a falácia daquele "Democracia significa debate".
Tinha muito para comentar, mas fiquei quieta e calada, porque se falasse tinha de dar o dito por não dito. Afinal, Portugal não é o país excepcional que eu anunciara no início da conversa. É um país onde nos cruzamos frequentemente com potenciais adeptos de um partido tipo AfD.
A nossa sorte, até agora, foi ainda ninguém se ter lembrado de criar esse partido. Temo que já haja massa crítica para o apoiar.
1 comentário:
O André Ventura parece que está a ficar com alguma vontade. Esperemos que não aumente a vontade.
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