Muitas
pessoas pensam, à esquerda e à direita, que a democracia é o valor
mais alto. Por ser o governo do povo. Como pode ser errado um governo
eleito pela maioria? A maioria não tem, por definição, sempre razão?
Se entendem que não tem razão - como qualquer derrotado numa eleição naturalmente faz - dirão que foi porque o #eleitor foi enganado, pelos fake-news, pela propaganda, pela exploração hábil de frustrações que até se admite como compreensíveis e indignações justificadas, mas dirigidas contra alvos errados.
Isto pode ser tudo verdade, mas ainda assim é beside the point.
Há de encarar a possibilidade muito real que a maioria que elegeu Bolsonaro sabia, queria e aceita um governo que discrimina minorias, uma polícia que atira primeiro e pergunta depois, que espanca pretos e homos e transsexuais, um governo que tira o que resta de apoio e de território aos índios da Amazónia, que facilita ainda mais a desflorestação, e que prende e tortura os opositores.
A democracia é indispensável. Mas não é o mais importante. A democracia é instrumental, não tanto para facultar ao cidadão comum a ocasião de sentir que manda, quando calhou ter votado no vencedor, mas para evitar o despotismo. Para evitar a perpetuação do governo no poder. Com outras palavras, a democracia tem antes de mais assegurar a sua própria sobrevivência. Daí tem de limitar o poder do governo, distribuir o poder por diversas instituições independentes, e assegurar as condições da oposição para poder aspirar a substituir o governo vigente. Já para isso as liberdades cívicas são indispensáveis: a liberdade de expressão, o direito à reunião, à organização política e todo o resto.
Mas essas liberdades são mais do que instrumental. Fazem parte dos direitos que săo um fim em si e que são inalienáveis: os direitos humanos. O fim de qualquer Estado decente é antes de tudo a garantia e defesa da dignidade humana. Para todos. Para cada indivíduo.
Um governo que viola os direitos humanos não é legítimo e tem de ser combatido, mesmo se tiver o apoio de 90% da população. Um governo democraticamente eleito que decidia, por exemplo, discriminar ou prender ou escravizar ou matar uma minoria de 10% ou de 1% ou de 0,001%, por ter outra cor de pele, por ter outros costumes ou outra orientação sexual, ou por qualquer outra razão, é um governo inaceitável. Como combaté-lo, é matéria para considerações práticas, mas do ponto de vista moral, o combate contra ele não é só legítimo mas um imperativo.
Se entendem que não tem razão - como qualquer derrotado numa eleição naturalmente faz - dirão que foi porque o #eleitor foi enganado, pelos fake-news, pela propaganda, pela exploração hábil de frustrações que até se admite como compreensíveis e indignações justificadas, mas dirigidas contra alvos errados.
Isto pode ser tudo verdade, mas ainda assim é beside the point.
Há de encarar a possibilidade muito real que a maioria que elegeu Bolsonaro sabia, queria e aceita um governo que discrimina minorias, uma polícia que atira primeiro e pergunta depois, que espanca pretos e homos e transsexuais, um governo que tira o que resta de apoio e de território aos índios da Amazónia, que facilita ainda mais a desflorestação, e que prende e tortura os opositores.
A democracia é indispensável. Mas não é o mais importante. A democracia é instrumental, não tanto para facultar ao cidadão comum a ocasião de sentir que manda, quando calhou ter votado no vencedor, mas para evitar o despotismo. Para evitar a perpetuação do governo no poder. Com outras palavras, a democracia tem antes de mais assegurar a sua própria sobrevivência. Daí tem de limitar o poder do governo, distribuir o poder por diversas instituições independentes, e assegurar as condições da oposição para poder aspirar a substituir o governo vigente. Já para isso as liberdades cívicas são indispensáveis: a liberdade de expressão, o direito à reunião, à organização política e todo o resto.
Mas essas liberdades são mais do que instrumental. Fazem parte dos direitos que săo um fim em si e que são inalienáveis: os direitos humanos. O fim de qualquer Estado decente é antes de tudo a garantia e defesa da dignidade humana. Para todos. Para cada indivíduo.
Um governo que viola os direitos humanos não é legítimo e tem de ser combatido, mesmo se tiver o apoio de 90% da população. Um governo democraticamente eleito que decidia, por exemplo, discriminar ou prender ou escravizar ou matar uma minoria de 10% ou de 1% ou de 0,001%, por ter outra cor de pele, por ter outros costumes ou outra orientação sexual, ou por qualquer outra razão, é um governo inaceitável. Como combaté-lo, é matéria para considerações práticas, mas do ponto de vista moral, o combate contra ele não é só legítimo mas um imperativo.
1 comentário:
Nao sou muito de políticas, mas, acima de tudo, perdi a fé.
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