01 maio 2018

primeiro de Maio: de Kreuzberg para Grunewald (4)

Anteontem, no evento do facebook, um morador de Grunewald publicou um curioso comentário, algo entre a provocação e a tentativa de apaziguamento (com esta estratégia há-de ir longe...):

Quando pessoas de todo o mundo e até mesmo de Berlim Kreuzberg se deslocam ao teu bairro para expressarem com alarde a sua inveja, já tens motivos para te sentir orgulhoso. Poder-se-ia dizer que conseguiste alcançar aquilo com que outros sonham. Mas não perdes a cabeça, porque sabes que o o clichê dos ricos moradores de Grunewald vem de antes de 1945 e há muito tempo já não se verifica.
Quem vive aqui? Diplomatas, que residem neste bairro por obrigação profissional; exilados russos, que querem ser deixados em paz; idosos e deficientes nos seus lares; fora isso, muita pequena burguesia.
A meia dúzia de pessoas realmente ricas não saberão apreciar convenientemente o vosso esforço, uma vez que terão aproveitado o feriado de ponte para ir para a ilha de Sylt ou para a Côte. No máximo, ficarão a saber pelos media o que aconteceu aqui. Se houver prejuízos, estes serão reflectidos na contabilidade de uma seguradora qualquer, que, por seu lado, está habituada a catástrofes piores.
O morador de Grunewald pensa: "muito barulho para nada, mas pelo menos sempre acontece alguma coisa por cá". Do seu lugar cativo na tasca da estação, a Floh (=pulga), observa estoicamente a movimentação, e vai bebericando a sua cerveja, como habitualmente.
(O vinho, a propósito, não presta)


A resposta não se fez esperar:
Será um pedido de ajuda?
Michael Hubert descreve de forma impressionante o modo como a indiferença e o isolamento se instalam em Grunewald. Quem pode, foge para Sylt ou para a Côte. Aos outros, nada mais resta senão a fuga para o álcool - e assim acabam na "Pulga", a beber vinho que não presta - ou cerveja. Cenas de um bairro que desistiu de si próprio.
Não, não é a inveja que nos move, mas o desejo de ajudar. Juntos podemos quebrar a indiferença, derrubar as cercas que nos dividem, e construir um novo futuro solidário!


Michael Hubert respondeu:
Bem, se tem de ser... Então venham lá todos. Mas previno já que os bares de Kreuzberg são melhores. Não tenham ilusões.

Sem comentários: