No sábado passado uma amiga pintora fez uma "festa de atelier" no seu jardim, e convidou-me. Fiz um pequeno farnel para lhe levar, agarrei um chapéu vermelho e pus-me a caminho pelo meio da floresta que fica entre a minha casa e a dela. Mas não havia lobos maus (quem vinha por isso, pode parar de ler aqui).
Por estes dias, as árvores estão uma delícia de verde tenro. Eu é que não sei que lhes fazer: continua a ser-me estranho ir passear por aí sem a desculpa do Fox, só pelo meu próprio gozo de sentir a terra sob os pés, o sol na pele, a luz e as cores.
(Se calhar já fazia uma pequena revisão dos valores que norteiam a agenda dos meus dias)
A minha amiga é uma anfitriã extraordinária: apresentou-me aos amigos que estavam por perto, dizendo o que acha especial em mim. E ainda arranjou tempo, no dia seguinte, para me escrever uma mensagem privada para agradecer a minha presença e a comida que eu levara, e para retomar algumas conversas extraviadas no burburinho dos convidados.
(Se calhar já aprendia com ela, e parava imediatamente de adiar a mensagem que queremos escrever aos amigos que estiveram nas festas das nossas bodas de prata, está quase a fazer um ano...)
Gostei muito da decoração, de tão simples que era: as mesas estavam cobertas com papel e fio de embrulho, copos com pincéis e outros objectos do atelier. Não havia plástico - nem no gin que me serviram - e ninguém lhe sentiu a falta.
A comida - muita dela trazida por amigos - também era simples: rabanetes e fruta em sacos de papel convertidos em taça; rodelas de pepino como suporte para creme de salmão e ervas; uma tortilha de batata e ovo feita tarte de espinafres verdes (faz-se como tortilha, mas quando chega o momento de juntar os ovos põe-se tudo numa forma, com os espargos verdes em cima, e leva-se ao forno).
Estava-se muito bem, mas tive de sair relativamente cedo porque tinha reunião dos vizinhos para preparar a próxima festa da rua. A festa, de facto, é um álibi para nos encontrarmos regularmente nos terraços uns dos outros. De modo que despachámos rapidamente o que tinha de ser combinado, e ficámos por ali a conversar, a beber uma espécie de sangria de cerveja e a contar estrelas cadentes. Foi um caso raro da astronomia: quanto mais sangria bebíamos mais estrelas cadentes víamos.
6 comentários:
Acho que não é caso assim tão raro... Aliás, diria que é mundial.
Gostei muito do relato!
Creio que não é um caso assim tão raro, aliás, atrever-me-ia a dizer que é um fenómeno mundial.
Gostei muito do relato!
hehehehe
As fotos e o texto acompanham-se mutuamente muito bem. Esses barquinhos com a comida de cada um são feitos com cartolina encerada?
Penso que são folhas de palmeira, ou algo assim.
https://www.deli-vinos.de/nonfood/einweggeschirr/9282/einweg-palmblattteller-rund-ca.-oe-12cm-tief-100-kompostierbar-25-st?sPartner=gdv
https://utopia.de/leef-umweltfreundliches-einweggeschirr-38310/
Enviar um comentário