Ora então, contava o meu pai que num belo domingo de Páscoa, na sua
aldeia minhota, um padre recém-chegado quis causar boa impressão. Para
isso, caiu na dupla asneira de fazer o compasso com sapatos novos e de
aceitar todos os copos de vinho - daquele vinho "é do meu, é do melhor
que há, experimente, senhor padre, ai, tome lá mais um copinho senhor
padre, que eu bem vi que gostou" - que lhe impingiam. Não sei se
imaginam a cena: os longos caminhos de pedras irregulares que nem os
tapetes de flores adoçavam, o calor e o cansaço, os sapatos cada vez
mais apertados e a língua cada vez mais solta por conta de uma bebedeira épica: tudo isso fez com que o padre andasse na procissão do compasso a dizer mais palavrões que aleluias.
Melhor padre que esse, só mesmo o que na homilia desatava a descrever
os pecados que os homens andavam a cometer com os animais nos montes.
Muito aprendiam as crianças com aquelas homilias! Era um vê se te avias
de arrebitar as orelhas.
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