29 novembro 2017

"doméstico"



Durante muitos anos não tive cães nem gatos, nem canários, nem peixinhos vermelhos, nem nada. Quer dizer: minto. Houve por cá piolhos, mas se calhar esses não entram na categoria de animais domésticos.
Com a chegada do Fox - um rafeirinho português cheio de personalidade - comecei a perguntar-me qual é a ideia de ter um animal #doméstico.
O problema é que ele nos dá tudo. Entrega-se tão inteiramente nas nossas mãos que quase me assusta: será que estaremos à altura de tamanha entrega e dependência?
Em algum momento o ser humano resolveu domesticar os animais, e agora aqui estamos: nós com mais responsabilidades ainda, e os desgraçados dos bichos numa situação de dependência contrária à natureza deles.
Embora - tantos milhares de anos mais tarde - já não saiba dizer muito bem qual é a natureza desses animais.
Em todo o caso: gosto muito do nosso cão, mas não quero ter mais nenhum animal doméstico. Vivo mal com a responsabilidade de ser o mais-que-tudo deles.


[Na foto: o Fox cheio de medo, a pedir que o deixemos ir embora da veterinária, porque já sabe que o vão fazer sofrer.]


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