12 junho 2017

garota de Ipanema




A vizinha bateu à minha porta, já vinha de fato de banho. Por causa do calor insuportável, recebi-a em trajes menores: uma combinação branca de linho bordada, daquelas que as nossas avós usavam há cem anos. Sabiam muito, as nossas avós.

"Queres ir ao lago?"
"Claro que sim!" - em menos de um minuto desarranjei-me e saí com ela pela rua. Mais à frente, parámos a convidar os vizinhos que estavam alapados no jardim. Mais uma campainhada à esquerda e outra à direita, e formou-se um grupo de mulheres em fato de banho, toalha à volta do corpo, e chinelos de dedo. Elas é que iam assim - a minha vizinha e eu, que já somos profissionais disto, temos um vestido e umas sandálias de ir ao lago.

Contei-lhes de quem mora perto da praia no Rio de Janeiro, e vai pela rua em biquíni e páreo. Concluímos: "somos as garotas de Ipanema!"
Muitas gargalhadas no princípio da tarde de domingo na ruas sossegadas do meu bairro, à sombra das árvores frondosas.


Depois entrámos na água fresca - e que bem nos soube! - e elas foram dar a volta ao mundo. Eu fiquei por ali a nadar em estilo livre sem sair do sítio, para não me afastar demasiado do Fox. O verde da vegetação banhava-se nas covas largas da água, e as flores brancas dos nenúfares erguiam-se sobre mim. Tenho de arranjar maneira de levar uma boa máquina fotográfica para debaixo da água.



1 comentário:

ana disse...

estes seus relatos são uma delícia. quem me dera :)