12 junho 2017

"nívea"

Ontem, a palavra do dia na Enciclopédia Mágica era "nívea". Atrasei-me por causa de umas coisas e outras, e só escrevi o meu post hoje. Isso dá direito a multa, que é paga em minis.
(Esta minha vida é um stress.)



Este post ainda é sobre "nívea", e vai atrasado, mas a infracção calha bem porque ultimamente não tenho tido tempo para andar aqui feita polícia, e o nosso stock de minis está a atingir mínimos históricos. Ora, tendo em conta o calor que faz, e o almoço dos enciclopedistas já no próximo fim-de-semana (enfim, não de todos, porque marcaram o almoço para um lugar muito à desamão aqui de Berlim), há que dar de beber às gentes, e portanto escrevo um post em contramão.

Queria falar do creme nívea que a minha mãe espalhava em generosas camadas nas costas dos cinco filhos. Grande seca essa: espalhar e ser espalhado. De modo que éramos aviados em pinceladas fartas, e depois andávamos pela praia com ar de quem caiu num balde de tinta branca. Muitos anos depois vim a saber que o Nívea não presta para nada em termos de protecção contra cancro da pele. Ah! Isso pensam eles! A camada que a minha mãe nos punha era uma muralha intransponível, hehehe.
 

Isso era o que queria contar, esse meu trauma de infância (já disse que era uma seca monumental?) mas depois fui à procura de uma figurinha para aqui deixar, e descobri que há tempos a Nívea foi para tribunal defender a exclusividade do seu azul. É que a cor é um elemento fundamental para o reconhecimento do produto, e nenhuma empresa quer ter a concorrência a ir à boleia do seu esforço de instalação no subconsciente dos consumidores. Em tempos foi a Milka que exigiu para si o monopólio das pastas de chocolate em papel lilás (e ganhou: quando um miúdo disse que achava que as vaquinhas que davam o leite para aquele chocolate eram de cor lilás) (estou a brincar, não foi por causa do miúdo) (mas é verdade: há mesmo miúdos que acham que as vacas são dessa cor - é o que faz serem mimados com chocolates em vez de serem postos na vida real a mungir vacas e assim) (ai, cala-te boca, que hoje é o dia mundial contra o trabalho infantil).

Voltando ao azul Nívea: o tribunal mandou fazer um inquérito para ver qual era a marca associada a produtos de cosmética em tom azul. Mais de metade das pessoas disseram "nívea!" e foi assim que a empresa ganhou o processo. 


Isto estamos aqui, estamos no fim do mundo: se agora até os processos da Justiça são assunto para referendo!...



2 comentários:

Pi Maria disse...

Acabei de ler este texto e reparei logo na caixa azul da nivea que tenho aqui ao meu lado na mesa do escritório("nivea" é sem acento não é? pelo menos aqui na caixinha não vejo nada, mas posso já estar a ficar ceguinha). Tenho a lata aqui comigo para obrigar-me a colocar creme nas mãos todos os dias, mas nem sempre corre bem. Conselho: não colocar perto do computador como eu fiz no outro dia, quando peguei nela estava quente como sabe-se lá o quê.

Nunca tinha comentado aqui, mas aproveito para lhe dizer que gosto muito do seu blogue. A sério, gosto mesmo. Quase todos os dias passo por cá e gosto de ler os seus textos, acompanhar as suas aventuras, ver as fotos, ler as notícias, opiniões e afins. No outro dia até estava a comentar com o meu namorado um texto seu, volta e meia falo de si :) Existem notícias até que só sei por aqui e os seus textos de opinião fazem-me sempre ficar a pensar, na verdade muitos dos seus textos ajudaram-me a ver as coisas de outra forma, de outra perspectiva. Aliás, pelos seus textos fiquei a conhecer de histórias e pessoas que nunca tinha sequer ouvido falar e por isso agradeço-lhe imenso.

Dito isto, espero que continue a escrever, seria um desgosto deixar de a ler.


Elsa Neves

Helena Araújo disse...

Geralmente as palavras na Enciclopédia têm de ser em português. Daí "nívea". Mas claro que muitos falaram de "nivea" (que se pronuncia com acentuação no "ve" e com "á" no fim).

Obrigada pelo elogio!
E vou continuando por aqui, claro. Que seria de mim sem um lugar para dar a minha água sem caneco? :)