23 janeiro 2017

três mil anos

Do "morning briefing" do Spiegel, hoje:

Hoje começa a primeira semana de trabalho regular de Donald Trump. Poder-se-ia começar a contar a partir deste dia uma nova era da Política. A anterior durou pelo menos três mil anos, e estava profundamente ligada a dois conceitos: instituições e diplomacia. Até agora, eram estas as fundações da Política: as instituições no interior (contra a anarquia) e a diplomacia no exterior (para evitar guerras).
Os Estados e sistemas estatais modernos desenvolveram-se num longo processo de afinação destes conceitos, com alguns retrocessos mas, no seu conjunto, com grandes avanços. Trump despreza as instituições (Washington!) e não quer saber dos princípios básicos da diplomacia (Twitter). 

Três mil anos parecem ter sido extintos. Trump faz uma política sem base. A ruptura na História não podia ser mais dura.

Dirk Kurbjuweit

6 comentários:

Júlio de Matos disse...



Completamente a despropósito, uma curiosidade banal: Kürbjweit era o nome de um Futebolista alemão, defesa, Campeão do Mundo em 1974, se bem me lembro (ou seria antes holandês - e vice-campeão?)...

Ainda a despropósito (mas, infelizmente, já muito menos): deve dar um certo conforto (embora amargo) aos alemães ver agora tantos paralelismos sinistros do novíssimo prezidento americano com um senhorzinho austríaco, muito frenético e teatral, que uma vez (só uma...) também venceu eleições na Alemanha...

Helena Araújo disse...

Acho que não dá conforto nenhum.
Mas eu olho para o que se passa nos EUA e começo a perceber como é que muitos alemães se deviam estar a sentir em 1933.

Conde de Oeiras e Mq de Pombal disse...


Sem dúvida, Helena!

Mas é precisamente isso que eu quero dizer quando falo em "conforto" (ou melhor, em consolo): muitos norte-americanos (e não só) irão agora perceber, finalmente, quão errado é julgar em definitivo um Povo, uma Nação, uma Cultura apenas por um mau momento da sua História e por um líder indigno - apesar de, ok, eleito livre e democraticamente (enfim, não terá sido bem assim, sobretudo no caso da Alemanha dos anos trinta, mas não é isso que está em causa neste aspecto que estamos agora a comentar).

Porque, afinal, foi este o julgamento injusto que a Alemanha toda teve de suportar, generalizadamente, durante os últimos setenta e cinco anos...

E agora os seus vencedores principais parece quererem passar pelo "mesmo". Não é irónico (e, esperemos bem que não, igualmente trágico)?

Conde de Oeiras e Mq de Pombal disse...



Voltando à curiosidade banal: o Lothar Kurbjuweit foi um futebolista alemão que jogou no Mundial de 74, sim, mas pela Alemanha Oriental (portanto não foi nem campeão, nem vice-campeão...). E o seu filho não se chama Dirk.

Ai, a minha memória longínqua, já a dar de si...

Helena Araújo disse...

Os americanos de bem já passaram alguns apertos na altura da guerra do Iraque. Muitos amigos meus, em viagem fora do país, diziam que eram canadianos...

Conde de Oeiras e Mq de Pombal disse...



Pois, mas eu ainda espero que não se faça agora aos norte-americanos o mesmo mal que a propaganda ocidental e norte-americana tem feito aos alemães...