30 novembro 2016

deste mundo para os outros

O facebook agora deu-lhe para me mostrar diariamente efemérides de mim própria, hehehe, de modo que hoje voltei a um texto que traduzi há uns anos. Vale sempre a pena reler.


Querido e simpático Pai Natal,
não sei se lês o jornal, mas há lá tanta gente que se droga, fuma ou bate nos outros. Talvez tu não saibas muito sobre essas desgraças. Há a floresta do Mazonas e os orfãos. Peço-te que os orfãos do mundo inteiro e também do Mazonas tenham um Natal melhor que o nosso. Mas nós nunca pensamos nesses orfãos, nós que temos roupa de que não gostamos porque temos demasiado.
E as pessoas que emigram? É um povo inteiro de refugiados que vivem em quartos sujos sem luz nem aquecimento e vão pelo mundo em carros (se os têm). Muitos morrem e vão para outro mundo.
Há muitos mundos, e eu não sei se tu vais a todos eles para dar presentes: há o nosso mundo, o terceiro mundo (nunca percebi o que era o segundo mundo), e também há o quarto mundo, que é o mais horrível de todos.
Em suma: quase todos vivem nos outros mundos, e as crianças têm sempre a mesma roupa esfarrapada e morrem de frio. Há Natais diferentes, porque nós atiramos as nossas roupas deste mundo para os outros. Nós também podíamos estar lá em vez deles, e então eram eles quem nos atirava a roupa. Querido Pai Natal, faz com que as crianças dos mundos nº 3 e nº 4 sejam pessoas normais como nós.
Agora vou escrever um poema para ti, que se chama "Paz e não guerra".

A paz é assim:
às vezes não a sentes.
Mas vês.
Há pássaros
que morrem
porque já não conseguem respirar,
pobrezinhos.
Como é que os homens
podem fazer tal coisa?

Pai Natal, eu inventei este poema, não o copiei!


Marco - Pordenone 


(do livro 'Babbo Natale, pensaci tu' - colectânea de cartas de crianças italianas para o Pai Natal)

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Mais cartas deste género: "querido Pai Natal".


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