15 julho 2016

correlações

Entretanto, gostava que me explicassem porque é que o holandês Karst Tates (que se lançou de carro para cima de uma multidão), o alemão Andreas Lubitz (que atirou um avião cheio de pessoas contra uma montanha, em França), os norte-americanos Eric David Harris e Dylan Bennet Klebold (autores do massacre de Columbine) e o finlandês Matti Juhani Saari (que andou seis anos a preparar um ataque à sua escola), para referir apenas meia dúzia de exemplos entre milhares de outros, eram loosers, pessoas com depressão, vítimas de mobbing, e sei lá que mais, e o louco de Nice é obviamente um terrorista, só porque os pais eram da Tunísia.


11 comentários:

zazie disse...

Deves conhecer todas essas organizações de doentes mentais que têm mesmo um plano para um Estado de Psicopatas Ocidentais e já te recrutaram.

De resto, qualquer organização até pode recrutar um macaco- resta saber é se o terrorismo organizado está disseminado entre a macacada ou no islão.

Helena Araújo disse...

Olá Manuela, como vão os livrinhos?

zazie disse...

Que livrinhos?

Explique outra coisa- qual é a tradição entre muçulmanos de materialismo ateu para se suicidarem em chacinas deste género, como as que descreveu e que nada têm de organização religiosa-ideológica?

jj.amarante disse...

Eu, no tempo das Brigadas Vermelhas e da ETA, cheguei à conclusão simplista que os terroristas o que gostam é de matar pessoas e aterrorizar directamente os que vão morrer ou indirectamente os que constatam a sua vulnerabilidade. Por vezes arranjam um alibi, talvez para ultrapassar os travões do ADN ou do que lhes ensinaram quando eram pequenos e eventualmente para facilitar a aquisição de armas e explosivos. A política ou a fé religiosa costumam ser bons candidatos para esses alibis.

mar disse...

Há dias encontrei uma explicação que me pareceu fazer sentido:
"At the same time, governments also see a benefit in linking the Islamic State to what are sometimes random and unconnected acts of violence. It is a way to project order amid chaos, and to try to assure jittery citizens that there is a strategy to end the violence."

(Caso a Helena ainda não o conheça, o texto completo pode pode ser lido aqui: http://www.nytimes.com/2016/07/18/world/europe/in-the-age-of-isis-whos-a-terrorist-and-whos-simply-deranged.html)

Conde de Oeiras e Mq de Pombal disse...

Pois é, Helena.

Na volta, descobrir-se-á um dia que o perverso norueguês, muito louro e filho de um Diplomata, que massacrou dezenas de adolescentes inocentes numa Ilha, era filho de libaneses e que o alucinado ex-marine norte-americano Timothy McVeigh, que mandou abaixo sozinho um complexo federal de vários pisos, era neto de iranianos. Só pode, não é?

Era mazé "acabar-lhes com a raça" de vez a todos. Como a este perigoso adolescente de Würzburg. Ah, esse já pagou as favas. Bate "certo"...

Helena Araújo disse...

Olá, Conde de Oeiras,

Pois, as reacções públicas estão muito cheias dessa confusão "eles todos: maus", "nós: tudo gente boa".

Facto é que também há terroristas entre "os nossos", gente que odeia a nossa ordem social actual. O norueguês agiu com motivação terrorista, é um terrorista e está a cumprir pena por isso. Na Alemanha também se fala em terrorismo no âmbito de ataques neonazis.

O de Nice, parece-me cada vez mais que foi um caso semelhante ao do piloto da German Wings, com uma nuance: a radicalização para auto-justificação.

O refugiado afegão de Würzburg, pelo que se sabe até agora, radicalizou-se sozinho. Não são conhecidos contactos com agentes do IS na Alemanha ou fora dela. Admito que tenha sido um caso de mimetismo com Nice, à medida das suas possibilidades - um machado e uma faca.

Nestes dois casos pergunto-me como se podem combater. A polícia não tem como detectar um gajo que se está a radicalizar sozinho. O caminho terá de ser acompanhamento psicológico de pessoas que revelem desvios graves, e observação por parte das pessoas que os rodeiam. No fundo, é o mesmo que as companhias de aviação agora fazem, para se protegerem de pilotos com problemas psicológicos.

Finalmente a morte do rapaz afegão: também me pergunto porque é que tinham de atirar para matar um gajo que não tinha armas de fogo. Tenho a certeza que vão fazer um inquérito para averiguar as circunstâncias da sua morte.

Helena Araújo disse...

Mar,

obrigada pelo link. Bom artigo!
Penso que no caso de Nice o que era difícil era resistir ao impulso de dizer que um camião que mata 80 pessoas nas festas do 14 Juillet não é um ataque terrorista.

Muito diferente foi o que se passou na Alemanha, nas últimas horas: mal se soube do ataque no comboio, os sites informativos disseram que a polícia está a averiguar os motivos e lembraram que já houve um ataque semelhante há alguns anos cometido por um alemão com problemas mentais. Por seu lado o presidente da Câmara de Würzburg diz que se recusa a fazer especulações, e que vai esperar por informações da polícia.

Ant.º das Neves Castanho disse...


Pois, Helena, é um desespero. A trilogia da Educação, que era Deus, Família e Escola, agora foi substituída por Televisão, Escola e, eventualmente, Família, ou mesmo, em certos casos, por Televisão, Internet e Rua, ou Cinema, etc....

E acredito que também não seja nada fácil para a Polícia, ou melhor, para o desgraçado a que caiba em sorte lidar de súbito com um acontecimento destes, para o qual ele supostamente teria de estar bem preparado, mas que afinal tem uma probabilidade mínima de lhe poder acontecer em toda a sua carreira de Agente e, afinal...

Bem-haja quem trabalha, a sério, na prevenção destes e de outros, porventura ainda maiores, males e nunca é elogiado. Nem precisa.

Helena Araújo disse...

Por estes dias também me sinto agradecida à polícia, aos psiquiatras e psicólogos, e também, reduzindo agora o âmbito da questão, aos voluntários que investem tantas horas a melhorar as condições de vida dos refugiados.

Há um detalhe muito interessante no caso do atacante do comboio de Würzburg: ele ia entrar no compartimento onde estava uma senhora que trabalha no centro onde ele viveu quase um ano, mas quando a viu foi para outro lado. No caso desta mulher, fazer o bem pode ter-lhe salvado a vida.

Ant.º das Neves Castanho disse...



Muito interessante isso, Helena.

E se calhar é mesmo essa a única solução: só fazendo o Bem poderemos salvar vidas em risco...

Como já dizia a minha Avó: FAZ O BEM, NÃO OLHES A QUEM.