09 abril 2016

plágio - o riso e o risco

Esta manhã descobri que alguém tinha feito no facebook um texto a criticar o filme da Joana Vasconcelos a brincar aos refugiadozinhos, e pelo meio das suas linhas achou por bem meter um post que eu tinha escrito sobre o assunto, mas esqueceu-se das aspas.

Seguiu-se um momento de muito boa disposição no meu mural e no do plagiador, com o pessoal a fazer comentários que iam do divertido ao hilariante (vou deixar de lado os sérios, sobre a desonestidade de quem plagia, porque hoje é sábado e está um lindo dia de sol).

Concordámos quase todos, na galhofa, que um plágio é um reconhecimento de valor, diria mesmo: um elogio. Eu falava num novo indicador de sucesso, o "quote quotation", alguém dizia que ele não teria "material testicular" para pedir desculpa. O comentário mais hilariante foi um que apareceu no mural dele, dizendo algo como: "no seu caso, não precisava de levar nada na mochila - ia roubando aos outros pelo caminho".

Infelizmente, o meu fã tímido apagou o post e bloqueou-me. Que pena: já não posso voltar ao lugar onde passei uma manhã de sábado a rir com alguns amigos.

Além disso, o meu mundo internético ficou mais pequeno. Nunca mais vou poder ler as frases tão inspiradas que saíam do copy+paste do meu fã. Que ele será fã de outros melhores que eu, tenho a certeza!
Isto é uma triste vida...

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Não foi a primeira vez. Já me dei conta de que gente realmente famosa na nossa praça se inspira no que escrevo, digamos assim, e esquece-se de mencionar o facto. Uma vez quase ia morrendo de vergonha: publiquei um apontamento rápido no facebook, com uma tradução ainda mais rápida que de costume, e de repente comecei a ver expressão que, na pressa, escolhera mal, a ser repetida por aí. A culpa foi de um figurão, que ainda por cima escreve bem. Não podia ao menos ter feito um pequeno serviço de edição de texto?!
Outra vez citei mal as conclusões de um estudo, e vi que outro figurão da nossa praça citava o mesmo estudo e as mesmas (por mim mal citadas) conclusões.

Portanto, aqui fica um aviso para os meus fãs: antes de me plagiarem, pensem.
Pensem que podem estar a repetir imprecisões porque eu, ao contrário de alguns de vocês, não sou jornalista e nem sempre trabalho com o esmero que é exigido à classe.
E pensem se querem oferecer uma barrigada de riso a mim e a quem quiser aproveitar para rir.

7 comentários:

Rui Paulo disse...

"Antes de me plagiarem, pensem", não faz sentido, Helena.
Pois é precisamente pela impossibilidade de pensarem, que eles se apropriam dos pensamentos dos outros, e os apresentam como seus.
Quanto aos "figurões da nossa praça", que provavelmente muitos de nós admiramos, adorava saber quem são. Será que um deles não seria por acaso aquela conhecida bióloga que quase perdeu o pio quando foi apanhada a plagiar dois artigos do The New Yorker?
Figuras públicas que plagiam, suscitam-nos logo a interrogação de como teriam adquirido fama a escrever. Do mesmo modo que, sempre que um empresário de sucesso é preso por tráfico de droga, questionamos logo se a fortuna que possui, foi adquirida a trabalhar honestamente...

Helena Araújo disse...

Não, não foi essa bióloga.
E os meus "figurões" famosos não fizeram propriamente plágios graves. Limitaram-se a não dizer de onde traziam a informação. Provavelmente acharam que não seria necessário.
Um deles escreve muito bem, e admiro muito a sua capacidade de pensar e argumentar. Tenho a certeza que é pela sua própria cabeça que pensa.
O outro é um bocadinho pateta. Tenho a certeza que é pela sua própria cabeça que não pensa... ;)
(melhor dizendo: parece-me que este último apanha aqui e ali uma ideia solta, e depois incorpora-a no seu discurso, sem se aperceber que aquilo não faz sentido nenhum)

Rui Paulo disse...

Mas que raio a conteceu? Fui eu que escrevi o comentário anterior, mas não me chamo Rui Paulo. Sou aquele tal Zé Carlos que também participou na risada desta manhã e que, para "castigo", foi também bloqueado de mistura com todos os outros pelo impostor Rogério, tal foi o pesadelo que teve já depois de acordar...
Será que por maldição, o trafulha do Rogério Gomes rebatizou-me de Rui Paulo?...
; )

Helena Araújo disse...

Olá Rui Paulo. ;)

Rui Paulo disse...

O curioso é que não consigo eliminar este nome Rui Paulo, pois parece que está associado ao meu e-mail. Mas como??? Não me lembro de ter andado por aí a aldrabar com este nome, feito Rogério.
Enfim, hoje deve ser o dia da infâmia... De qualquer modo e para futuro já sabe, Helena, este Rui Paulo é uma espécie de impostor bem intencionado que afinal se chama Zé. ; )

Lipe disse...

Helena, os seus textos são sempre tão deliciosos na forma e no conteúdo, que é um prazer linkar em vez de citar.

Helena Araújo disse...

Obrigada, Lipe.
Mas, pelos vistos, há quem prefira ter prazer na citação - na citação tão pura que nem se perturba com aspas...