Entre as fotos que a UNICEF escolheu para "foto do ano 2015", encontro esta, com referência a um campo de férias muito especial. A fotógrafa, Lindsay Morris, chama-lhe simplesmente "you are you": um lugar onde os rapazes não são obrigados a comportar-se como se espera que rapazes se comportem. Num ambiente protegido, rodeados pela família, os miúdos podem vestir-se e portar-se como lhes apetece, sem serem vítimas de crítica ou de tentativas de classificação.
Falamos tanto sobre as raparigas serem vítimas de determinados conceitos de género, e raramente nos ocorre o sofrimento de um rapaz obrigado a portar-se como um rapaz. Neste ponto, a assimetria joga claramente contra os rapazes: a nossa sociedade convive facilmente com uma "maria rapaz" (e até lhe confere um certo charme, como a Zé, dos livros dos Cinco), mas ridiculariza e persegue um "manuel rapariga".
A propósito, lembro o comentário de um amigo meu, cirurgião em Hamburgo, que tem frequentemente casos de operações urgentes a pessoas vítimas de acidentes: "vocês nem calculam a quantidade de homens que andam por aí com roupa interior feminina".
1 comentário:
E se uma mulher disser que só usa roupa interior masculina e perfume de homem é considerada "exótica" mas não ostracizada. No fundo é as duas faces da mesma moeda: a sobrevalorização que a sociedade actual faz do lado masculino em detrimento do feminino.
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