29 novembro 2015

Astrid Lindgren



Na semana passada, mais precisamente a 26 de Novembro, fez 70 anos que o primeiro livro da Pipi das Meias Altas foi publicado.

Na nossa Enciclopédia (para quem não sabe, ver: "verbetes") a letra do dia era o L e a palavra "Astrid LINDGREN e Pippi LÅNGSTRUMP (aliás Pippilotta Viktualia Rullgardina Krusmynta Efraimsdotter Långstrump de seu nome completo)."
(só por esse nome já dá para suspirar: pobres tradutores da Astrid Lindgren!)

Da Astrid Lindgren, só tenho pena dos livros que não li na minha infância. Li mais tarde, na adolescência, e ainda mais tarde, aos meus filhos. Ainda agora me fazem pensar e desinstalam, porque o ambiente daqueles miúdos não tem nada a ver com o que foi normal na minha educação portuguesa. A liberdade e a independência que têm, e, mais surpreendente ainda, os seus pais não autoritários.
Por exemplo, a história da Lotta que rouba a bicicleta à vizinha, espeta-se numa roseira, e ninguém ralha com ela por ter roubado a bicicleta. Tivesse sido eu a escrever o livro...
Ou a mesma Lotta, que se zanga com a mãe e resolve fugir de casa. Vai viver para um barracão da vizinha (que a ajuda a decorar o seu novo quarto), e os pais vão conversar calmamente com ela, fazem uma ofensiva de charme, até ela ter pena deles, assim tristes e sozinhos, e decidir voltar para casa.
Também gosto imenso do Emílio (a Verbo tinha uma belíssima tradução - se os encontrarem nalgum alfarrabista, podem comprar, à confiança: Emílio dentro da terrina, Emílio e o porco sábio, Emílio faz das suas). O Emílio é um rapazinho que só faz asneiras, mas a Astrid Lindgren sabe explicar muito bem porque é que as asneiras lhe acontecem sem querer, dentro de uma lógica infantil irrefutável.
E a inevitável Pipi. O livro foi publicado praticamente na mesma altura que os Cinco, da Enid Blyton (primeiro desta colecção: 1942), e há décadas que diferença entre eles. Se os livros dos Cinco já dão "empowerment" às crianças, estas ainda vivem num mundo muito certinho, com muito respeito pela autoridade. A Pipi é liberdade pura, alegre anarquia.

Sobre a Pipi há um livro muito interessante: "Pipi e Sócrates - um passeio filosófico pelo mundo de Astrid Lindgren". Vou traduzir alguns trechos no próximo post.


5 comentários:

CCF disse...


"Pipi e Sócrates - um passeio filosófico pelo mundo de Astrid Lindgren"...promete:)
Fico à espera!
~CC~

Helena Araújo disse...

Já está:
http://conversa2.blogspot.de/2015/11/pipi-e-socrates-um-passeio-filosofico.html

RicardoNSilva disse...

Olá, Helena.

Conheci hoje o seu blog, via este post.

Provavelmente não sabe, mas ocorreu há anos uma iniciativa a promover a reedição dos livros do Emílio.

Apesar do objetivo não ter sido atingido a 100%, foi muito engraçado e surpreendente.

Está tudo aqui:
Iniciativa "Emílio Dentro da Terrina: 30 Anos"
http://emiliodentrodaterrina.blogspot.com

Até já e tudo de bom.

Helena Araújo disse...

Olá Ricardo,
só agora pude ir ver. Que maravilha!
Muito obrigada pela informação.
Já passei aqui uns belos minutos a ouvir a história de Emílio Dentro da Terrina.
(Rita Blanco forever!)

Helena Araújo disse...

(E Rui Unas forever, também! :) )