08 julho 2015

cenas

(foto)

Passei o serão de ontem a ver cenas destas. E a sonhar em voltar aos bons velhos tempos dos romanos, quando a cena de esvaziar o bucho propositadamente para poder continuar a comer era socialmente aceitável. Aquele bacalhau à brás, ai, aquele bacalhau à brás! Que cena!

Chovia disparatadamente (isto sou eu a evitar dizer que chovia a potes ou a cântaros, porque às vezes desconfio que são traduções apressadas que aprendi nos livros da Enid Blyton, quando chovia gatos e cães sobre os cinco). Já acabava com estas cenas de parêntesis por tudo e por nada (que transformam os textos numa cena de leitura aos solavancos). Como ia dizendo: chovia imenso, e eu feliz da vida. Os nerds da informática são meninos de coro comparados com gente que tem um relvado para manter verde e acabou de receber uma factura de água de 600 euros (se alguém tiver uma ideia que pareça mais ou menos razoável para iniciar uma cena de crowd founding para me pagar esta factura, agradeço).

(Este texto sou eu a tentar entrar num caderno qualquer de exercícios de português para desgraçados que querem aprender as coisas giras que se podem fazer com o nosso idioma) (ia dizer com a nossa língua, mas travei a tempo, por causa daquela vez em que me aconteceu o seguinte diálogo:
- Adoro o uso que os brasileiros dão à língua!
- Aha, conta mais, conta mais!)


6 comentários:

Gi disse...

Essa cena dos romanos julgo ser uma má interpretação de uma carta do Cícero. Parece que havia quem, depois de comer e beber à vontade, usasse eméticos por prescrição médica.

jj.amarante disse...

Lembro-me dum cartoon do Snoopy dizendo: "Never say it's raining cats and dogs, always say it's raining dogs and cats, the proper expression is: it's raining dogs and cats.

Tenho uma vaga ideia de haver uma taxa importante de esgotos nalguns sítios da Alemanha que levava algumas pessoas a recolher a água da chuva numa cisterna para regarem o jardim.

Helena Araújo disse...

Gi,
não me digas que é urban legend? (estes romanos não são loucos?!)

jj.amarante,
a factura para os esgotos é calculada em função da água que gastamos. E o preço por m3 de esgoto é superior ao preço por m3 de água. Esta semana veio cá um técnico instalar um contador na torneira do jardim, por causa daqueles "350 euros - esgotos" que foram pela relva abaixo.
Dantes podia-se descontar da factura do esgoto um valor fixo em função do tamanho do jardim, mas isso já não é possível.

Um vizinho meu abriu um poço e só gasta o motor. Se eu soubesse o que sei hoje, se calhar fazia o mesmo: abria um poço para uma bomba de calor a trabalhar com água (a que temos usa o calor do ar, o que, no Inverno, é um bocado mais difícil...) e aproveitava já ter o poço aberto para regar o jardim. Bem, não sei se é possível, mas teria sido uma hipótese a considerar.
Na próxima casa que construir ;) já sei o que fazer.

jj.amarante disse...

Não resisto à fofoquice de dizer que as minhotas, com a sua chuva abundante e regular, nem sabem bem o que é uma cisterna, se vêem um buraco largo no chão donde sai água chamam-lhe logo um poço. Lá nas terras do Sul havia poços e cisternas e agora há furos que chegam a ir a 100 metros de profundidade numa corrida insustentável às águas subterrâneas. Provavelmente o seu vizinho terá uma cisterna e não um poço, para poder fazer trocas de calor significativas para o ar condicionado. Talvez não seja muito caro fazer uma cisterna, existem piscinas feitas e prontas aqui em Portugal (com certeza que também na Alemanha), a que seria necessário colocar um tecto para por a relva por cima. Isso daria para poupar na rega. Mudar o ar condicionado para fazer trocas com água em vez de ar deve ser muito mais caro. Como diria o Guterres, é fazer as contas a ver se vale a pena.

snowgaze disse...

Já vou tarde, mas pode ser que o jj.amarante ainda veja isto.
Em Munique há uma taxa da "água da chuva". A ideia é que a cidade tem que pagar para escoar a água da chuva e, como tal, cada casa paga uma taxa consoante os m2 de terreno. A alternativa é de alguma forma recolher a água da chuva, por um dos sistemas disponíveis, e aí a taxa a pagar diminui. Os esgotos são outra coisa à parte.

jj.amarante disse...

Snowgaze, por acaso desta vez tinha-me "inscrito(?)" para os comentários e fui notificado do seu. Em Lisboa incorporaram a taxa de esgotos na factura da água e, talvez por coincidência, apareceu uma nova taxa para protecção civil. Presumo que deve estar praticamente concluída a separação dos esgotos domésticos do escoamento das águas pluviais pelo que as duas taxas podem fazer sentido, uma para cada sistema de escoamento. Suponho que escoar água da chuva em Munique possa ser problemático e caro se muita gente viver em vivendas. Que sistemas estão disponíveis para recolher a água da chuva? De qualquer forma ela terá que sair do terreno onde caiu. Basta ter um reservatório para minorar os picos de escoamento?