07 fevereiro 2015
ommagio a Roma
Esta Roma do Zeffirelli não é a minha. Esta do filme, perfeita e monumental, também é Roma, mas para ser a minha faltam-lhe as ruelas estreitas desenhadas ao acaso, as paredes cobertas de ocres imperfeitos, as anedotas das disputas entre Bernini e Borromini, as latas de plantas nas varandas regadas dia após dia por uma romana eterna, alegre e barulhenta. Não se vê de cima, vive-se na surpesa constante de um vaguear sem mapa. E se é para misturar ópera com Miguel Ângelo e Bernini, escolham outro cantor. Menos que sublime não vale. Também podiam trazer a voz rouca do Paolo Conte para cantar as ruelas, as pérgolas de vinha e roseiras nas pracetas, e o ocre.
Ou talvez o Paolo Conte para cantar Apolo e Dafne de Bernini: para lembrar que a perfeição pode nascer do barro imperfeito e rouco que nós somos.
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4 comentários:
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Como é a tua Roma, Paulo?
Eu penso sempre numa parede em tons laranja sedimentados pelo tempo.
Com esta descrição também podia ser Florença, mas é a minha Roma.
A minha Roma é parecida com a rua. É um todo. É a Roma monumental e o Tibre, mas são também os pinheiros, as ruelas de Trastevere, as pracinhas, as cores desbotadas, os terraços. E não é o Bocelli.
Errata: Onde está "rua", leia-se "tua".
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