19 fevereiro 2015

mandou-me uma carta em e-mail perfumado...


O Daniel Barenboim volta e meia escreve-me, quer-me contar o que tem andado a fazer. Eu sou muito pela liberdade, mas acho simpático ele prestar contas. Às vezes até é prestável. Outro dia, por exemplo, revelou que ainda havia bilhetes para cadeiras no palco, mesmo ao lado do piano ao qual ele se sentaria para fazer música de câmara. Quem te avisa, amigo é? Somos íntimos, o Barenboim e eu, e fui logo comprar um bilhetinho.

O concerto foi ontem, no Schiller Theater - que alberga a Staatsoper enquanto as obras da Ópera em Unter den Linden não terminam. Parece que o mestre de obras é o mesmo do aeroporto de Berlim, é uma triste vida.

Quando os lugares são no palco, convém ser dos primeiros a entrar. Eu fui dos últimos, fiquei com uma das poucas cadeiras ainda disponíveis: pertíssimo do piano do Barenboim, mas do lado errado. Passei todo o Dvořák a ver o topo da sua cabeça agitada por trás do livro das notas. Em compensação via o ajudante que lhe virava as páginas, e por inteiro. Um espectáculo: parecia que era ele quem estava a interpretar a peça. No fim retirou-se discretamente para os bastidores, e foi pena - também ele merecia vir à frente do palco agradecer os aplausos.

Antes do concerto, a senhora ao meu lado meteu conversa (e o que eu gosto destes berlinenses que conversam com os vizinhos enquanto esperam!)  e contou que o Barenboim só traz para estes ciclos os seus melhores músicos. Primeiro violino, primeira viola e primeiro violoncelo da orquestra da Staatsoper. E eu ali, ao lado deles, deliciada.
Obrigadinha, ó amigo Barenboim. Dá sempre notícias!
(Especialmente quando começarem a vender lugares no palco para o concerto do Pinchas Zukerman e do Yefim Bronfman, sim?)

O programa - gostei especialmente da última peça, o Dvořák:









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