Fui ao Digital Concert Hall procurar o concerto para violino do Tchaikowski. Estava cheio de quintas sinfonias, mas concerto para violino, vai no Batalha. Encontrei o segundo para piano. Pronto, também não está mal. Pus-me a ouvir.
"Que estranho... não o estou a reconhecer. É bem verdade que cada intérprete dá vida nova à música...", ia pensando eu, até me dar conta de que era o primeiro de Tchaikowski, e não aquele que a minha cabeça, vítima de um fugaz curto-circuito, esperava: o segundo de Rachmaninov. Dorminhoca. Talvez com uma ligação directa da máquina de café para a veia não fizesse estas figurinhas...
(Ai, o princípio do segundo andamento, ai!, os meus sais!)
(Ai, o Karajan a dirigir de olhos fechados, ai! os meus sais!)
(Ai, o concerto nº 2 para piano do Rachmaninov vem logo a seguir, ai!, etc.)
(Ai, o Karajan no Rachmaninov! Ai! que tinha tanto para fazer enquanto vou ouvindo, mas não consigo tirar os meus olhos abertos dos olhos fechados do Karajan!)
(Pronto. Não é preciso café para nada. Acordei.)
(Como é que eu não vi antes que o Karajan dirigia de olhos fechados?! Todo este tempo a reparar na extraordinária intensidade do olhar do Simon Rattle, no sorriso do olhar do Dudamel, nos bailados e tal, e afinal o Karajan: inteiramente concentrado na fonte da música dentro de si.)
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