Começámos: ela dizia-me em alemão "diz-lhe que vamos tirar a ligadura para ver a perna", eu pensava "ena, que médicos amorosos, arranjam um tradutor para explicar ao doente estas coisas tão óbvias" e, do meu lado do telefone, explicava tudo em português. Ela dizia "agora vamos deitar um líquido para soltar o penso, e se doer ele deve fazer um sinal", e eu traduzia. "Vamos passar os dedos pelas duas pernas, para ele dizer se sente o mesmo nas duas" - traduzi, mas o miúdo não reagia. Perguntei à médica se seria surdo. Ela achava que não, e continuámos. No fim do telefonema dei os contactos da Berlinda, e desliguei com uma certa sensação de impotência.
À noite recebi um sms: "querida Helena, desde que a senhora da Berlinda esteve aqui, o nosso rapazinho recomeçou a sorrir!"
(raramente um sms me fez sentir tão feliz)
(raramente um sms me fez sentir tão feliz)
3 comentários:
Conclusão: é fácil fazer alguém feliz!
Tão fácil não terá sido: primeiro foi preciso ter a ideia, depois houve o trabalho de criar uma rede de voluntários que falem alemão e português, e finalmente foi preciso arranjar alguém dessa rede com disponibilidade a meio de um dia da semana para ir ao hospital onde está o miúdo, fora de Berlim, fazer-lhe companhia.
Há aqui muitas horas de trabalho generoso (estou à vontade para falar disso porque acompanhei o processo de longe, mas eu própria não fiz praticamente nada)
Uma excelente ideia! Será que há alguma coisa do género em Portugal? Mesmo para outras línguas? Não conheço...
Parabéns!
~CC~
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