31 agosto 2014

beim schlafengehen



Fui hoje cheia de curiosidade ouvir as quatro últimas canções do Strauss cantadas pela Netrebko. Ora bem: podem dizer que ela é melhor que a Callas - mas à Schwarzkopf é que não chega.

Ou isso, ou eu tenho de ver se ganho o euromilhões para poder comprar lugares no bloco A da Filarmonia. A sala é muito ingrata para cantores, raramente a voz consegue chegar com toda a sua riqueza aos blocos mais afastados. Hoje estava no C, que nem sequer é mau, e tive dificuldade em perceber-lhe a poesia. Como estariam as pessoas por trás da cantora?

Ou isso, ou eu tenho de deixar de ir ouvir ao vivo as peças das quais tenho gravada uma versão que venero desmesuradamente. Vou aos concertos armada em ditadora, exigindo um clone do que já sei, e acabo frustrada, a resmungar disparates como "estes hoje fizeram música como eu conduzo, sempre na mudança errada". Ainda bem que não me deixam mandar, porque corria o risco de transformar as salas de concerto em musitecas.

Por falar na liberdade dos intérpretes: parece que o Barenboim tem andado a reinventar as sonatas de Schubert. Há dias ouvi-o a tirar 200 anos ao Mozart, e - acrescento agora em minha defesa - gostei.




4 comentários:

Paulo disse...

Parece que houve um crítico alemão que a achou melhor que a Callas no recente "Trovador" de Salzburgo. My ass.

Helena Araújo disse...

E provavelmente foi esse o artigo que eu li.
(Será que a Callas conseguia encher aquela sala tão ingrata para os cantores?)

Paulo disse...

Não sei... Talvez não. Mas independentemente disso, o crítico devia estar com um copito a mais, ou assim.

Helena Araújo disse...

Ou apaixonado. Também já me ocorreu.
:)