15 março 2014
post-it para o Carlos Reis
No seu mural de facebook, o Carlos Reis protestou devido ao facto de políticos que ele diz serem homossexuais (e revelou o nome de dois deles, forçando-lhes o outing) terem tido uma atitude diferente daquela que seria de esperar.
Convém lembrar dois factos óbvios:
1. A orientação sexual não é uma escolha pessoal. A divulgação que o próprio quer dar a esse facto é uma escolha pessoal que exige o máximo respeito. Revelar em público aquilo que os envolvidos preferem que não seja tematizado é mesquinho e torpe.
2. A orientação sexual, como a cor da pele ou o dom para a música ou a matemática não é uma escolha pessoal. Mas as ideias e as tomadas de posição em questões que de algum modo têm a ver com essas características são escolhas pessoais. Ninguém pode obrigar um Obama a defender os interesses dos African-American (ou sequer a sentir-se mais próximo deles e dos seus problemas), nem um político a tomar partido a favor de uma proposta da agenda LGBT* apenas porque é homossexual.
* Por acaso o que se votou ontem no Parlamento não era uma proposta da agenda LGBT, era uma medida para proteger os interesses de crianças concretas que já vivem com um casal do mesmo sexo. Independentemente do que a sociedade possa pensar sobre esse contexto familiar, há que proteger os laços afectivos que a criança já criou. O que torna a acusação, e a tentativa de dominar alguém instrumentalizando a sua orientação sexual, ainda mais ridícula. Ninguém precisa de ser homossexual para entender a situação de precariedade que a sociedade impõe a essas crianças, pensando que está a protegê-las.
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