15 março 2014

as saudades que eu já tinha de notícias merkelizadas...

Os factos são estes: Uli Hoeneß, o manda-chuva do FC Bayern München, "esqueceu-se" de declarar lucros astronómicos (com jogos nos mercados financeiros, parece-me, mas não acompanhei o caso com todo o detalhe) e de pagar os impostos devidos. O caso foi descoberto há cerca de um ano, e esta semana Uli Hoeneß foi condenado a três anos e meio de prisão, e a pagar o que deve, com juros. Em vez de tentar um recurso e estratégias várias para escapar airosamente, aceitou a decisão do tribunal sem mais delongas, e demitiu-se dos cargos que tinha no clube de futebol.
Os meios de comunicação social foram no encalço dos políticos para saber a reacção deles. A Angela Merkel disse "obviamente não comento decisões dos tribunais, mas posso dizer que o facto de Uli Hoeneß  ter aceitado assim este veredicto merece a minha admiração"; o Seehofer (chefe do governo bávaro) disse que esta decisão do Hoeneß mostra que ele é uma "pessoa com formato"; Yasmin Fahimi, secretária-geral do partido socialista, afirmou que esta decisão é também uma aceitação da culpa, e congratulou-se pelo bom funcionamento do Estado de Direito e pela reafirmação do princípio "a fuga aos impostos não é um delito de cavalheiro, é um crime". (aqui, em alemão)

O jornal Record merkelizou assim a notícia:

(e as saudades que eu tinha destas notícias portuguesas que fazem a Alemanha parecer uma soap opera de totós, e a Angela Merkel um Salazarinho de saias...)


Angela Merkel respeita decisão de Uli Hoeness
DIRIGENTE DO B. MUNIQUE CONDENADO



A chanceler alemã, Angela Merkel, revelou esta o seu "respeito" pela decisão de Uli Hoeness aceitar a condenação a três anos e seis meses de prisão por fraude fiscal, não impor recurso e se ter demitido de presidente do Bayern Munique.

A posição da chanceler foi transmitida através do seu porta-voz Steffen Seibert, que se escusou de comentar a condenação propriamente dita.

"O juiz decidiu e o senhor Hoeness assumiu uma posição pessoal que há que respeitar", afirmou Seibert.

O primeiro-ministro alemão, Horst Seehofer, também expressou o seu respeito pela decisão do dirigente e ex-futebolista.

"O meu respeito. A decisão mostra que Hoeness continua a ser uma pessoa íntegra", afirmou Seehofer.

Por seu lado, Yasmin Farihimi, secretária-geral do SPD, que faz parte da grande coligação de governo liderada por Merkel, sublinhou que a decisão de Hoeness não interpor recurso mostra que reconheceu a sua culpa.

O presidente do Bayern Munique, Uli Hoeness, anunciou esta sexta-feira que não vai recorrer da condenação a três anos e meio de prisão por fraude fiscal e que se demitiu da liderança do campeão europeu de futebol.

Hoeness foi condenado na quinta-feira a uma pena de prisão efetiva, devido a uma dívida fiscal de 27 milhões de euros.

No início da investigação, que se iniciou com uma confissão de Hoeness, o valor da fraude fiscal era de 3,5 milhões de euros, que aumentou para 18 milhões.

Mais tarde, uma inspetora das finanças falou em "pelo menos" 23,7 milhões, aos quais o Ministério Público junta o montante inicial, pelo que o total ascendia aos 27,2 milhões.



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