31 dezembro 2013

cenas de um Natal: amigos

No dia 28 fomos de novo a Estrasburgo, para a primeira celebração do Encontro Europeu da Comunidade Ecuménica de Taizé. Tínhamos apalavrado um encontro com amigos de Lisboa, mas eles optaram por ficar no pavilhão do Irmão Alois, e nós, que nem sabíamos onde era o tal "Wacken" do sms deles, preferimos ir à oração na catedral: queríamos sentir aqueles cânticos familiares a ecoar entre as paredes quase milenárias. Tirei algumas fotografias jurássicas da pobre Estrasburgo sob uma chuva copiosa, e entrámos. Éramos os primeiros, sentámo-nos bem à frente. Daí a bocado chegou um grande grupo, que se instalou ao nosso lado, e alguém exclamou "olha os nossos pais!" - eram os oito portugueses que ficaram na nossa casa, no encontro de Berlim há dois anos. Logo a seguir, a Christina descobriu que estava sentada atrás de uma alemã com quem trabalhou na Bolívia. Sabíamos que eles estariam nesse encontro, mas nunca poderíamos imaginar que, sem combinar nada, iam decidir sentar-se na mesma igreja e no mesmo sítio que nós. A Christina ria-se muito com uma das nossas "filhas": também a tinha encontrado absolutamente por acaso nas Jornadas Mundiais da Juventude no Rio de Janeiro. Logo ali confessei que às vezes suspeito que Deus existe e gosta de nós. Concordaram todos, no meio de muitos sorrisos.

A oração foi especial - como sabíamos que seria. Os cânticos e os gestos que conhecemos de cor, as palavras sempre novas para dizer a verdade de sempre. A belíssima igreja gótica cheia de pessoas sentadas no chão, atentas e em escuta, os irmãos a lembrar ao que andamos: um caminho de paz e confiança. Amizade era a palavra chave do texto que nos deram ("Criar, consolidar uma comunidade de amizade: não é esse contributo que os cristãos podem trazer para o futuro das nossas sociedades?"). A amizade é um caminho mais fácil que o amor, menos existencial e exigente. Será sinal de um "cristianismo light"? Ou será um opção pedagógica, um convite para darmos os primeiros passos - os passos à medida das nossas forças?

Pois lá fomos outra vez para o Flam's, e lá recomeçámos a provar as tartes flambées todas do menu. Até que os nossos amigos saíram a correr para apanhar o comboio que os levaria aos "pais" que lhes aconteceram neste encontro, e os nossos amigos de Lisboa ocuparam os seus lugares. A sala ficou um pouco menos barulhenta, a galhofa deu lugar a uma alegria tranquila.

A amizade. Talvez os irmãos de Taizé tenham razão - talvez a amizade seja a semente de um mundo novo.

Aqui deixo a todos os amigos e leitores deste blogue votos de que sejamos todos capazes de fazer um 2014 como merecemos. Um abraço amigo para todos.




 











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