14 abril 2013

o amor à literatura infantil finalmente desenganado, aquela ideia feita de que o melhor do mundo são as crianças, e tal



A Pólo Norte falou destes livros da Majora, e lembrei-me logo de "A Grande Barrela", que eu adorava quando tinha seis anos. Lembrei-me também dos livros da Anita - o meu preferido era o Anita Dona de Casa. Desconfio que a minha vocação era ser uma perfeita mulher-a-dias, mas não me soube cumprir.

Há tempos comprei alguns dessa colecção, que a Majora reeditou. É bem verdade que não se deve voltar aos lugares onde se foi feliz: como foi possível eu alguma vez ter gostado daquilo?!

Tive esses livrinhos da Majora. Todos. Por amor à literatura, roubava caramelos espanhóis do aparador da nossa sala para trocar por moedas que uma amiga minha roubava da colecção do pai dela, e tratava logo de investir esse capital na cultura. Desconfio que a minha vocação era ser um perfeito mecenas, mas não me soube cumprir.

Comprar livrinhos com moedas roubadas à colecção paterna?! Comparado com isto, os meus filhos foram sempre meninos de coro. Mas os livros infantis deles eram contos de Tolstoi e assim, se calhar isso explica alguma coisa. Que criança de seis anos se ia lembrar de usar moedas roubadas para comprar um livro de Tolstoi?

Pelo que também se pode concluir que a literatura infantil de pouca qualidade pode potenciar a criminalidade de menores.

3 comentários:

snowgaze disse...

eu recortei os meus e colei num caderno. se for julgar pelos da coleccao formiguinha, que pedi 'a minha mãe para comprar para a minha miúda, não se perdeu nada.

Helena Araújo disse...

hehehe, os da formiguinha também são bons, são...
Se comparo os livros que eu li (excluindo os da Sophia, e poucos mais) e os que os meus filhos leram, pergunto-me que tipo de lixo nos habitava a cabeça, e se isso é indiferente para a nossa formação pessoal.

Helena Araújo disse...

(Pólo Norte, se passares por aqui: desculpa! Vê se ensinas a tua filha a falar francês, e eu ofereço-lhe os livros do Corentin - nomeadamente "Plouf!", "Papa!", "L'ogre, le loup, la petite fille et le gâteau")