O US Census Bureau está a pensar incluir os portugueses no grupo étnico Hispanic Americans a partir de 2020. A PALCUS, uma organização de "American Portuguese", preparou um inquérito aos imigrantes portugueses nos EUA, e aos seus descendentes, para decidir sobre eventuais acções/reacções.
Tenho dificuldade em perceber aquela necessidade do censo dividir as pessoas nestas categorias (preto, branco, índio, indiano, chinês, filipino, etc.). Tenho ainda mais dificuldade em perceber porque é que um imigrante espanhol é um hispanic, mas um imigrante italiano ou francês é um white. E para complicar ainda mais: um imigrante romeno (vá, vocês sabem do que estou a falar...) pode dizer que é white. Hehehe.
(daqui)
Copio para aqui algumas perguntas do inquérito feito pela PALCUS aos portugueses, porque me parecem muito interessantes. Sai mais uma crise de identidade para a mesa do canto...
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6 comentários:
Os anglo-saxões têm uma fixação racista que lhes é difícil abandonar. Curioso como subsiste no meio do que eles chamam o "melting pot".
Sempre pensei que era 'white' até reparar que nos Estados Unidos era considerada 'brown'.
jj. amarante,
diz bem: os anglo-saxónicos.
Há bocadinho uma amiga telefonou-me para contar, a propósito deste post, que a British Library também quer saber a raça das pessoas a quem dá um cartão.
Ana V.
também tu?! Eu fiquei muito surpreendida quando um amigo meu disse que eu era "black". Logo eu, que mais pareço a Branca de Neve... ;-)
Curiosamente, acabei ontem mesmo de ler um estudo histórico sobre debates sobre higiene racial e o controlo da imigração nos Estados Unidos e já no final do século XIX existia a concepção de que as pessoas oriundas Europa do Sul faziam parte de uma 'lesser race'... ou seja, já então portugueses e espanhóis não eram considerados Europeus.
Pelo menos no Reino Unido, ainda que tudo o que é inquérito nos pergunte a pertença étnica, há sempre a hipótese 'prefiro não revelar' bem assinalada...
Mas os portugueses conseguiram ficar de fora dos hispânicos. Só agora é que parece que vão ter de se conformar.
Gostei da pergunta "é vantajoso sermos considerados hispânicos, porque é o grupo de estrangeiros maior?"
Na verdade, não sei se podemos dizer que os Portugueses conseguiram realmente ficar de fora dos hispânicos até agora. Ou melhor, efectivamente ficaram de fora mas não estou certa se se trata de uma questão de classificação ou apenas de omissão. No entendimento de quem tem vindo a organizar a codificação usada nos recenseamentos até agora, os portugueses não eram percebidos como hispânicos ou assumiu-se que Spanish origin incluía tudo? Inclino-me para a segunda hipótese, não só pelos antecedentes históricos (e sou historiadora) mas também pela minha experiência pessoal: um dos poucos americanos que conheci, ao saber a minha nacionalidade, disse-me que com a minha pele tão branca e olhos verdes não parecia nada "of Latino-origin". (Claro que também há a hipótese de o meu interlocutor não saber exactamente onde é Portugal, mas isso já é outra história...)
Também gostei das perguntas do inquérito da PALCUS. E foi com surpresa que não encontrei a hipótese "é vantajoso ser considerados hispânicos porque, sendo uma minoria étnica, podemos tentar beneficiar de quotas de acesso à universidade e mercado de emprego".
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