Como esperava, o mercado de Natal no Jagdschloss de Grunewald era ainda melhor do que o imaginei...
(será que eu tenho um jeito especial para self fulfilling prophecy?)
Vai-se de autocarro (o 115, por exemplo), e sai-se na Clayallee/Königin-Luise-Straße. Depois anda-se quinze minutos a pé pelo meio da floresta:
Chega-se a uma clareira, onde se encontra a entrada para o palacete:
Paga-se três euros, e entra-se noutro mundo:
O lago já está bastante gelado.
No pátio central, havia uma pequena fila para entrar no edifício central. Estava aberto aos visitantes do mercado, incluído no preço da entrada, e nem dava para acreditar - encontrei lá a maior colecção de Lucas Cranach (o velho e o novo) que conheço: quarenta telas! Também encontrei um amigo meu - é a segunda vez consecutiva que me cruzo com um amigo numa exposição. Berlim começa a tornar-se uma aldeia.
Por azar, a bateria da máquina fotográfica ficou vazia. Plano B: telemóvel (que remédio).
No palco central em frente ao palacete estava a começar uma pequena peça de teatro. A rainha da neve encantou um rapaz, e obrigou-o a escrever "eternidade" para sempre. Para sempre, é como quem diz: até a sua amada o encontrar e mandar a rainha da neve ir dar uma volta. Tudo acabou em bem, o par foi para casa, e quando lá chegou descobriu "que já tinham sido homem e mulher" (gargalhada geral dos adultos).
Uma senhora estava a vender presépios feitos com bonecos de lã, e contou que tem vendido muito para pessoas de idade, que não passam o Natal em casa e gostam de levar um presépio "ambulante". Vendia-lhes presépios em caixinhas, em latas, em malas pequenas. Um sorriso.
E havia uma barraquinha a vender goufrais, uns bombons deliciosos, em forma de gugelhupf, cobertos de cacau. Deixaram-me provar várias vezes...
A carne grelhada estava boa. O vinho quente também.
E descobri que no dia 26 fazem lá um concerto de música barroca, e uma visita guiada à colecção de pinturas - ora aí está um bom programa para o dia de Natal.
12 comentários:
Helena, fazes o favor de parar de me fazer inveja? Um mercado de Natal faz-me tanta mas tanta falta! Beijinhos :)
Leonor,
estava lá, e pensei nisso mesmo: será que em Portugal se podia fazer algo semelhante? Temos belos cenários para isso.
No Verão estive numa feira medieval nos confins de para lá. Penedono - uma feira perfeita. E há outras, claro: na Feira, em Caminha, em Monsaraz...
Porque é que em Portugal não se fazem estes mercados de Natal? Nem têm de ser medievais, claro.
Não há o mesmo espírito, Helena. Aqui o Natal é/era muito consumista. Tenho a impressão que por aí é diferente, há outras tradições.
Em Portugal, as comunidades estrangeiras no Algarve fazem mercados de Natal. Não são tão grandes e completos como os alemães, mas têm à venda presentes e ornamentos de Natal, têm tômbolas, comida, vinho quente, e eu gosto muito de os visitar. Este ano não pude porque calharam nos dois sábados em que vim a Lisboa.
Ai, as saudades que eu tenho de um bom Glühwein ( de um Mercado de Natal em condições, também, claro!).
Em Óbidos há a Vila Natal: http://www.obidosvilanatal.pt/ e há mais uma ou outra iniciativa pelo país, mas nenhuma com essa magia, pelo menos que eu conheça.
Gostei do pontinho vermelho ao fundo da primeira foto embora me tenha recordado uma cena terrível, acho que do gueto de Varsóvia, na Lista de Schindler, em que era tudo cinzento excepto uma menina com uma casaco vermelho(ou tijolo), primeiro a andar e depois, numa cena posterior, morta a ser transportada num tabuleiro funerário com rodas.
Quando se provam bonboms deitam-se fora como no vinho? Quantos se podem provar antes da compra?
A propósito de vinho quente, ultimamente tenho achado a alface e os tomates para salada muito frios ao sair do frigorífico e dou um cheirinho de micro-ondas à salada para ficar à temperatura ambiente ou mesmo morninha.
Leonor e Gi,
a Berlinda tem uma ideia muito gira de acção social: levar artistas que falam português (o universo da Berlinda) aos hospitais cantar e fazer gracinhas, não apenas para "os nossos doentes", mas para enriquecer a vida dos alemães. Mostrar que os estrangeiros têm um contributo positivo a dar a esta sociedade.
Lembrei-me disso ao saber dos mercados organizados pelos alemães no Algarve. Era giro se houvesse aí uma mistura, e os portugueses pudessem saborear essa forma diferente de se alegrar com a chegada do Natal.
Mar, como dizia acima: era preciso convidar alguns nórdicos para Óbidos... ;-)
Hoje mostraram-me um vídeo de mercados de Natal na Dinamarca - ainda melhores!
jj.amarante,
e eu que nem tinha reparado no pontinho vermelho... :)
Mas é isso mesmo. Devia ter feito um zoom, para ele ficar com a dimensão certa. Para a citação (involuntária) ser mais evidente.
Mas da última coisa que me havia de lembrar, a caminho de um mercado destes, era a Lista de Schindler.
Quando se provam bombons, é como com o vinho bom: desperdício zero! :)
(eu provei meio - sim, aquilo não é a Santa Casa... - comprei, e depois perguntei na brincadeira "posso provar mais um bocadinho?" Ela riu-se e disse que sim.)
Eu nunca ponho o tomate no frigorífico. Parece-me que perde o sabor e fica aguadao. Mas pode ser que seja por causa do modo como são produzidos, e que em Portugal reajam de forma diferente ao frigorífico.
Helena que maravilha de post. Na Alemanha o Natal vive-se de facto de forma diferente e, arrisco dizer, mais espiritual. Muitas das tradições que aqui se festejam e das músicas que se cantam são seculares, sem Popotas e Leopoldinas.
Desejo-lhe um Feliz segundo domingo do Advento!
Obrigada, Helena.
A propósito de tradições seculares e religiosas: há tempos ouvi um padre numa paróquia da região do Mar Báltico (ou seja, antiga RDA) protestar contra a adaptação de canções religiosas, para tirar do Natal tudo o que tivesse a ver com religião. O exemplo que ele dava era terem trocado no "alle Jahre wieder kommt das Christuskind" por "alle Jahre wieder kommt der Weihnachtsman". Hehehe - a RDA a trocar uma figura religiosa pelo marketing da Coca-Cola... ;-)
O vinho quente estava bom, mas provaste o hidromel? Isso sim... então com cheirinho :p
ai agora é que me avisas, Francisco?
Passei por lá várias vezes, e de todas pensei que não seria grande coisa. :(
Há 40 telas de Lucas Cranach no meio de Grunewald?! Obrigada pela dica, Helena. A próxima vez que for a Berlim, lembrar-me-ei de procurar. (Se bem que, com a minha sorte, provavelmente a exposição estará fechada precisamente nos dias em que eu estiver aí.)
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