08 novembro 2012
"se não nos unirmos agora..."
Esta fotografia, que trouxe do Entre as Brumas da Memória, lembra-me um episódio do princípio dos anos trinta, na Alemanha: Ernst Thälmann, chefe do partido comunista, terá dito aos socialistas (mas não encontro a citação na internet): "se não formos capaz de nos dar agora as mãos, antes das eleições, acabaremos depois a dá-las nos campos de concentração".
Porque é que estes países não foram capazes de falar uns com os outros e de se unir há dez anos, quando perceberam que o Euro lhes iria asfixiar a economia? Porque é que não pensaram nessa altura numa maneira de resolver o problema, porque é que não foram falar com a UE para alertar a comunidade para este problema, para mudar as políticas comuns?
Ou só se aperceberam do problema do Euro quando os mercados deixaram de lhes emprestar dinheiro barato?
Por outras palavras: o que é que os governantes e os responsáveis destes países andaram a fazer durante dez anos?
Já é tarde para voltar atrás, e recomeçar tudo de novo. Mas que fique o aviso: a Europa precisa de governantes atentos ao seu país e ao dos outros, capazes de identificar atempadamente os problemas e de debater com os parceiros maneiras de os resolver. Por isso mesmo me apetece insultar o Passos Coelho por ter faltado ao encontro com os representantes da Itália, da Grécia e da Espanha. Em vez de um primeiro-ministro, temos um marçano da troika!
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3 comentários:
Concordo. Mas o problema não está apenas no "agarrado" que estoira em "produto" todo o dinheiro que lhe oferecem para comprar pão. Está igualmente no "benemérito" que dá o dinheiro e vira as costas ao que o "agarrado" faz com ele!
Por isso eu pergunto: que andaram a fazer nos últimos dez anos os Governos europeus do Norte (e também Bruxelas) que nunca se questionaram sobre a capacidade dos Países do Sul fazerem a sua parte na União? Que irresponsabilidade foi essa de "torrar" o dinheiro dos seus contribuintes e Cidadãos em "produtos tóxicos" como Portugal, Grécia, Espanha e Itália, quase todos com insuficiente preparação democrática e social para ombrearem com as Democracias maduras (ou amadirecidas mais recentemente, mas a passo de cavalo, como a Alemanha)?
E agora só os fracos é que têm culpa? "Cadê os outros"? Se agora há disponibilidade para enviar cobradores de impostos para a Grécia, porque não houve antes a de enviar Auditores competentes para evitar a tentação das contas aldrabadas?
Humildade precisa-se, porque se o barco roper pela popa, de nada serve a perfeitinha estanquidade da proa.
Por um lado, concordo contigo.
Por outro lado, é a "maldita" questão de soberania...
Sem responsabilidade não há soberania. Se afirmas que há países que se portam como miúdos irresponsáveis, tens de aceitar que esses países precisam de tutores. Diz isso aí em Portugal, diz...
;-)
Se nem agora os países estão dispostos a aceitar um super-comissário que não os deixe endividar-se mais do que podem pagar, como é que há 10 anos iam aceitar que a Europa lhes enviasse um auditor para ver se os Estados andavam a aldrabar as contas?
Quanto à humildade: este discurso é meu, não é dos alemães. Os políticos e outros responsáveis alemães sabem perfeitamente isso que disseste (não terem fiscalizado convenientemente as contas dos Estados, o papel nada inocente dos bancos alemães no criar desta situação, etc. - já li isso várias vezes, em vários jornais diferentes). E a Merkel, depois daquela boca infeliz sobre a preguiça dos do sul, levou tamanha carga de pancada à alemã que nunca mais voltou a abrir a boca para dizer disparates desse género. Mas fala em "fazer os trabalhos de casa" (a Grécia) e, penso eu, com razão. Pelos vistos, os armadores gregos ainda não pagam impostos (é um direito constitucional!) e o imposto sobre a riqueza naquele pobre país não funciona, porque só há 200 pessoas que declaram nos seus impostos ter ganho mais de 500.000 euros... Em compensação, anda por lá um CD com contas bancárias de gregos na Suíça, que o governo prefere ignorar - e até prende o jornalista que publica os nomes dos proprietários dos depósitos.
Perante isto, podes crer que a proa estanque (a que pume duramente os ricos que fogem aos impostos) deita as mãos à cabeça e se sente refém da popa.
Pois, a soberania tem de ser respeitada, sem dúvida. Mas quando se arrisca tanto, como se arriscou nas integrações de Portugal, Espanha e Grécia, deveria ter-se tido muito mais cautela, porque mesmo com integral respeito pela soberania um negócio deste tipo tem sempre contrapartidas. Eu não me sinto restringido na minha soberania por viver numa cas hipotecas a um Banco. Sinto-me é informado sobre o uso das minhas prerrogativas de decisão.
Claro que isto aindo hoje é difícil, há doze anos ainda era mais. Mas CONDICIONAR o uso dos fundos europeus a certos parâmetros de "boas práticas" orçamentais deveria logo ter sido efectuado. Ao menos que se aprenda agora alguma coisa com este erro grosseiro...
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