11 novembro 2012

até já

Fui levar um dos meus turistas ao aeroporto.
À despedida, eu disse: adeus.
Ele, artesão das palavras, disse: até já. 

Até já. Tão mais bonito.


***

Em Adenda, transcrevo uma mensagem que recebi de uma amiga, a propósito deste apontamento: 

O "até já" é muito usado em África. Começou por ser um jogo de palavras com o até Jah (Jah é o deus dos rastafaris, que por uma série de trocas e equívocos passou a ser associado a uma certa "resistência" cultural africana, a história da Babilónia/África ancestral de onde nos tiraram e para onde regressaremos, os nossos valores contra os da hegemonia europeia branca). Muitos escrevem precisamente com o H no fim; e outros fazem-no só com o duplo sentido, de ser uma palavra chave africana, e de nos voltarmos a ver em breve. Mas é assim uma espécie de código, para ver se o outro o sabe ler. Acho delicioso ver os até jás e até Jahs que pululam por todo o lado, como se dissessem: nos não somos os desgraçadinhos, temos muito orgulho de onde viemos e sabemos para onde vamos. 

Sem comentários: