06 outubro 2012

Anna Depenbusch na Dussmann (2)



Pois claro que fui ao concerto da Anna Depenbusch na Dussmann, e pois claro que me arrependi amargamente de não ter levado uma boa máquina fotográfica: aqueles olhos! ah, aqueles olhos, aquele brilhozinho nos olhos!

O apresentador estava completamente rendido. Contou do momento em que a viu actuar pela primeira vez, ela sozinha ao piano - evitava palavras como "paixão",  falava de "capitulação": rendido, enfim. O entrevistador esteve mais controlado, o público não: olhei para trás, e era só sorrisos encantados.
Ela apresentava o novo disco, "Verão de papel", e ria com gargalhadas frescas: inventaram o disco em estúdio, porque este ano quase não houve Verão em Hamburgo. Puseram numa parede um poster gigante de um Hawai muito kitsch, inventaram um Verão para si próprios. Dizia "que interessa a chuva, tens de encontrar o Verão dentro de ti", contava da sua recente paixão pelo ukulele "que está cheio de músicas novas", confessava que neste disco traiu o seu amor de sempre, o piano.


A banda subiu ao palco improvisado em frente ao jardim vertical do Leblanc. Músicos simpáticos, sem grandes preocupações de imagem, uma boa onda. A Anna Depenbusch contava histórias engraçadas sobre cada canção ("descobrimos lá uma máquina de escrever, começámos a brincar, e tornou-se um elemento rítmico importante para a nossa composição"), e lá partiam eles juntos para mais uma voltinha pelo seu Verão de papel. Um disco de músicas leves, agradáveis. Não diria que é a Regina Spektor de Hamburgo, mas ouve-se bem e faz-nos sorrir.



No fim do concerto, o regresso ao primeiro amor, o piano, com uma canção divertidíssima em que ela conta que no seu apartamento ouve o vizinho com a namorada. O refrão é "Oh Ben... Oh Ben... Ben! Benjamin!" (podem imaginar, mas garanto que é melhor do que isso, muito melhor: ela ao piano, a rir de si própria enquanto cantava "Oh Ben... Ben!". Um pouco como "a" cena de When Harry met Sally, mas ao piano. E com um final cheio de graça, que deixou o público ainda mais encantadíssimo.


No final perguntei-lhe se tinham planos de ir a Portugal. Disse-lhe que não era por mim, era pelos meus amigos. Ela hesitou um pouco, e eu ri-me: "pois, já sei o que vai responder: se a convidarem, vai!"
Riu-se também. Isso mesmo, disse ela. Se me convidarem, tenho imenso prazer em ir!


Pronto, é isso. Se a convidarem...
Só não sei se é boa ideia. É certo que aqueles olhos falam esperanto, mas as músicas têm muita mais graça para quem sabe falar alemão.

Sem comentários: