02 setembro 2012

Usedom


Todos os anos, lá para fins de Agosto, fazemos um fim-de-semana com alguns amigos numa ilha no mar Báltico. Desta vez o Joachim estava nos EUA, a Christina na Bolívia, o Matthias em casa com o Fox ("animais não entram") e com planos para ir ver a IFA com os amigos, pelo que fui sozinha, e sem vontade nenhuma de me lançar aos trezentos quilómetros de caminho. Foi estranho fazer a mala para partir para este encontro sem a minha família: de novo fui visitada pela sensação de um ciclo que chega ao fim - a minha vida vai passando por mim, e eu a olhar para ela como se me fosse alheia.

Quase ia fazer disto um postal de férias (o tempo óptimo, os mergulhos no mar, os passeios na floresta, bla bla bla) mas quero falar do que foi realmente especial:

O jogo que fizemos ontem, em que adivinhávamos como um de nós reagiria em determinada situação (por exemplo: era distribuidor de pizzas e deixava cair uma ao chão - metia-a de novo na caixa ou ia buscar uma nova? ou: depois de ter recebido do seguro o dinheiro para substituir a bicicleta roubada, a polícia dizia que encontrara a roubada, mas estava toda partida - devolvia o dinheiro ao seguro, ou dizia à polícia que a bicicleta não era aquela?), e que nos proporcionou belas gargalhadas (agora já sei em casa de quem é que não devo comer pizza...)

A manhã de domingo na praia - depois dos risos e das confissões do jogo de sábado, o grupo atingiu um estado de tranquilidade sem palavras. Passámos a manhã estendidos na areia a ler jornais e livros, cada um por si, num silêncio de pura harmonia.

No regresso a Berlim, dei boleia a dois dos casais. Palavra puxa palavra, viemos boa parte da viagem a falar de depressão e burn out. Os dois homens chegaram a estar internados para tratamento contra a depressão, e contaram as suas experiências com muita abertura e simplicidade.

Mas que terei eu feito para me acontecerem tantas vezes momentos assim especiais?
(A minha vida vai passando por mim, e eu a olhar para ela como se fosse um presente.)

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