10 agosto 2012

servir o pessimismo de hora a hora

Durante as férias em Portugal reparei que as notícias na rádio começavam sempre com os fracassos dos portugueses nos jogos olímpicos:
"Boa tarde, são duas da tarde, uma nos Açores. Fulano falhou a prova X. A medalha de ouro foi para o país Y. Etc. etc. etc., e no fim das descrições detalhadas do falhanço, já quase em jeito de post scriptum: mas Fulano quebrou o record europeu nesta modalidade."

Insuportável, a todos os níveis: porque um fracasso numa prova desportiva não é notícia para abrir um noticiário, porque abrir sucessivamente os noticiários com fracassos é deprimente, porque não davam o devido valor ao esforço do atleta. Há necessidade de fazer as notícias assim?

Visto de fora, parece um país a apostar numa self-fulfilling prophecy para dar toda a força ao complexo de inferioridade que o mantém encurralado.

2 comentários:

jmnpm disse...

Mesmo antes de vir para Alemanha, o ano passado, sentia que os noticiários são uma das grandes contribuições para a depressão nacional. Bem sei que não se pode sempre abrir com notícias felizes mas durante meses e meses a fio só se falava de crise e futebol.

É das poucas coisas portugueses de que não tenho saudades nenhumas.

Helena Araújo disse...

Também se podia abrir com os debates da actualidade, por exemplo. Discussão de ideias em vez de angústia à hora do jantar. E também acontecem todos os dias coisas giras, positivas, interessantes.

Concordo inteiramente: este tipo de noticiários não deixa saudades.