Durante as férias em Portugal reparei que as notícias na rádio começavam sempre com os fracassos dos portugueses nos jogos olímpicos:
"Boa tarde, são duas da tarde, uma nos Açores. Fulano falhou a prova X. A medalha de ouro foi para o país Y. Etc. etc. etc., e no fim das descrições detalhadas do falhanço, já quase em jeito de post scriptum: mas Fulano quebrou o record europeu nesta modalidade."
Insuportável, a todos os níveis: porque um fracasso numa prova desportiva não é notícia para abrir um noticiário, porque abrir sucessivamente os noticiários com fracassos é deprimente, porque não davam o devido valor ao esforço do atleta. Há necessidade de fazer as notícias assim?
Visto de fora, parece um país a apostar numa self-fulfilling prophecy para dar toda a força ao complexo de inferioridade que o mantém encurralado.
2 comentários:
Mesmo antes de vir para Alemanha, o ano passado, sentia que os noticiários são uma das grandes contribuições para a depressão nacional. Bem sei que não se pode sempre abrir com notícias felizes mas durante meses e meses a fio só se falava de crise e futebol.
É das poucas coisas portugueses de que não tenho saudades nenhumas.
Também se podia abrir com os debates da actualidade, por exemplo. Discussão de ideias em vez de angústia à hora do jantar. E também acontecem todos os dias coisas giras, positivas, interessantes.
Concordo inteiramente: este tipo de noticiários não deixa saudades.
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