Sobre esta escritora já aqui falei (ora a brincar, ora a sério, ora impressionada). Hoje acrescento um dos seus poemas escritos com tesoura, que fazem parte de um livro delicioso: "Die Blassen Herren mit den Mokkatassen".
A fotografia vem neste site, onde se pode ouvir também a autora a ler vários dos seus poemas - vão ouvir, vão ver, garanto que devolvo o preço a quem não ficar satisfeito)
Uma tradução possível (*) do poema nesta criação:
O pior é que a erva passeia há horas no meu vestido novo
e eu sentada no banco de betão uma de cinco em frente
ao cabeleireiro a primeira é insensata a segunda tem
olhos grandes a terceira é manhosa a quarta e a quinta
essas sou eu porque por baixo de mim há uma poça
vejo -me dentro dela e tenho de fazer caretas senão
uma das duas que eu sou não consegue distinguir o
gorro de pele na cabeça da outra do pássaro morto
na poça
(*) eu bem sabia que me devia ter inscrito naquele curso para tradução de poesia do literarisches colloquium berlin, que além de ser gratuito é num sítio lindo na margem do Wannsee, e além disso tinha a vantagem de aprender a olhar para os poemas a traduzir como se nem eles fossem um palácio nem eu fosse um, bom, esqueçam, muuuh (mas sorridente, num prado).
2 comentários:
Há alguns anos, ofereceram-me um livro dela: «O Homem é um Grande Faisão Sobre a Terra»; mas, nunca o li -- ou melhor (aliás, pior): iniciei a leitura e, como não estava a gostar, desisti.
Uma rectificação: não foi oferecido: foi comprado por mim. Depois de escrever isto, fui verificar se havia escrito algo na altura da atribuição do Nobel, et voilá!
(excesso de discos, de livros e a passagem do tempo: má combinação para a memória)
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